quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Post do Fernando Freitas

Espaço do Nando
Níver e deprê

Amigos leitores, ontem eu fiz aniversário. Tá, eu sei, ninguém tem nada a ver com isso, a não ser as pessoas mais próximas deste que vos escreve. Os mais otimistas, quando completam mais um ano de vida, comemoram, ficam extremamente felizes, enchem-se de orgulho, como, aliás, qualquer pessoa normal deve realmente fazer. Mas eu confesso que mais ou menos dois dias antes de tal data, e outros dois depois, sou tomado por uma sombra de dúvidas, que geralmente me fazem pensar sobre o lado negativo de ser aniversariante. Pode parecer coisa de maluco, não sei se outras pessoas também passam por esse momento de “pequena crise existencial”, mas que ela me afeta, me afeta.

Com certeza, tal fenômeno ocorre motivado pela percepção de que o tempo passa galopante e veloz, como um cavalo puro sangue, vencedor de corridas. O problema é que nós, na mera condição de seres humanos, não conseguimos domá-lo. Ele galopa, sem parar, rumo ao misterioso e certeiro caminho da tal “vida eterna”, que sinceramente, prefiro crer que realmente exista. Admito: no dia período próximo ao meu aniversário, faço de tudo para tentar esquecê-lo, mas não consigo, tanto que acabei escrevendo sobre ele.

Já repararam que quando somos crianças os aniversários parecem “ocorrer” de dois em dois anos, e que, quando adultos, eles parecem “correr” de seis em seis meses? A música dos “Parabéns pra você”, sempre cantada nesta data, acompanhada das palmas, não perde a oportunidade em manifestar a sua pitadinha básica de sarcasmo naquele trecho deprimente: “fulano faz anos, o azar é só dele, cada ano que passa, ele fica, mais velho”! Quando se pensa que a música acabou, alguém tem que remendá-la com o tal “é pique, é pique”, onde sempre existe aquele engraçadinho que ousa fazer um trocadilho pornográfico, do qual não preciso citá-lo com detalhes sórdidos, obviamente.

Alheio a estes rituais banais, o cavalo puro sangue do tempo continua galopando velozmente rumo ao desconhecido e misterioso caminho da vida eterna, pouco importando se eu esteja meditando ou não sobre o assunto. Estes pequenos momentos “deprê” não são nada legais, mas confesso: pretendo senti-los por mais setenta anos, pelo menos. Nada contra a vida eterna, mas se ela é realmente eterna, que tenha então a paciência de me esperar por um bom tempo!

Fernando Freitas é Funcionário Público Estadual e escreve às quartas-feiras.

3 comentários:

Jane Quintela de Carvalho disse...

Amigo blogueiro... como disse Oscar Niemeyer "a vida é um sopro", por isso temos que aproveitar ao máximo esta nossa passagem aqui na Terra... outra pessoa que conheço me disse que adora fazer aniversário pois só faz quem está vivo, rsrsrsrs Parabénsss, que Deus sempre te ilumine... Abraços!!!

Anônimo disse...

boa fernando,anteontem também fiquei mais velho e subitamente veio atal crise existencial!!!

Anônimo disse...

Poxa...começou tão bem o texto, mas o último parágrafo poderia ter sido melhor. De repente, estava me vendo na mesma situação que o autor, porém, me senti perdida no fim. Mas, ainda assim, parabéns....pelo aniversário!!!!!