Recebemos de Dona Arlinda Garcia de Oliveira Marques, a resenha de seu livro "Lila", feita por Caio Porfírio Carneiro. O autor é escritor e membro da União Brasileira de Escritores de São Paulo.
LILA: O DOCE E O
AMARGO
O
livro Lila, de Arlinda Garcia de Oliveira Marques é uma comovente estória de
família. E mais que isto, é um exemplo de boa conduta humana. E mais ainda, é –
pelo enfoque sociológico e diria mesmo filosófico – um excelente roteiro
paradidático de como se viver e saber enfrentar um mundo conturbado como este.
O
universo de Lila e de seus familiares não difere, em essência, do mesmo de
quantas famílias da pequena classe média de boa formação. Um casal que luta e
cria bem os filhos e eles vencem na vida. Este o apanágio. Esta a cena. Mas, o
fulcro da estória se desloca, imperceptivelmente, para Lila e dela,
fundamentalmente, para os problemas sociais que enfrenta e por eles luta e os
soluciona.
Temos
então um romance em três patamares sutis: a família e seu pequeno mundo, Lila e
seu mundo interior e suas preocupações, e os desdobramentos sociais que a
cercam.
O
livro tornou-se, então, rico de ações paralelas que se separam e se entrelaçam;
mostram-se a um só tempo difusos e concêntricos. Porque se temos aqui a
amenidade familiar, o corriqueiro de cada dia, o exemplo dignificante de pais
que sabem criar os filhos; temos igualdade – igualdade em escala paralela – a
denúncia social e o apelo para bem solucioná-la.
A
par disto, Arlinda Garcia de Oliveira Marques usa de linguagem simples,
coloquial, amena, liberta de arabescos literários. Os diálogos são essenciais e
oportunos, e a trama, aparentemente fácil, é o seu tanto complexa, dado o
número grande de personagens que vivem a estória e se conduzem nela com seus
próprios pés.
É
um romance que comove e que educa, sem pretensão doutoral, mas com aquela
acuidade de valor e intenção sub-reptícia que só o bom ficcionista sabe dar.
Por
tais méritos, Lila é livro que se lê com agrado e se sai dele com amor todo
especial pela rica e dinâmica personagem e com a mão na consciência pela
existência de tantas chagas sociais, dais quais nem damos tanta conta, mas que
Lila nos soube abrir os olhos para elas.
O
leitor verá neste belo livro, o doce da vida e o reverso da medalha.
Bastará
lê-lo para tirar a prova.
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