Post do Luciano Esposto

Post do Luciano
CONSELHO DE CLASSE

Um dia desses, durante um bate papo com um amigo professor, perguntei a situação de um adolescente que sabia iria para conselho de classe. Na verdade, o referido havia escorregado no último bimestre amargando uma nota vermelha de média.

O educador foi categórico em confirmar sua aprovação. Disse ainda que para reter um aluno no conselho de classe dá tanto trabalho e exige tanta explicação por parte do professor que é melhor fazer o jogo do Governo e, simplesmente, aprova-lo.

Ouvir aquilo me fez lembrar da época do colégio, quando “conselho de classe” rimava com “ prepare-se para repetir”. Não foram poucos os amigos que vi repetirem em apenas uma matéria no então famigerado “conselho de classe”, pois era assim que o víamos.

Como não entendíamos ao certo com aquilo tudo acontecia e quais eram as regras do jogo, não faltavam mentes férteis para pintar a coisa toda como um episódio tão secreto quanto as reuniões maçônicas e não menos temerosas que as execuções da Inquisição.

Ainda que bem exagerados, ninguém negava ser este o momento do professor colocar os pingos nos “ís” e o aluno que dava trabalho o ano todo ficaria de ano com a mesma certeza do fermento crescer o bolo.

Alguns leitores devem estar pensando tratar-se de outro tempo, uma época em que tanto escola quanto alunos tinham formações e características muito diferentes de hoje. E nisso temos que concordar até certo ponto.

Só que uma coisa nunca mudará na receita deste bolo. Não adianta progressão continuada, envio sob pressão ao ano seguinte e tantos outros artifícios, que fazem a criançada se formar com tanta facilidade, se o que estamos formando são pessoas indisciplinadas e sem conhecimentos básicos.

E falando assim parece não fazer tanta diferença, mas fiquem certos que faz. O mesmo aluno indisciplinado do passado terá dificuldades para lidar com a liderança ou a chefia que exercerão sobre ele. O mesmo aluno que não precisou agarrar com os livros na tentativa de conseguir aprovação na prova de recuperação, jamais terá a garra necessária para acompanhar um bom projeto e vai por aí a fora.

Finalmente, é bem difícil de acreditar que um aluno educado sob a batuta do assistencialismo atual, no qual até os materiais básicos lhes são fornecidos em quantidade e sem ônus, não vá crescer acreditando que tudo deve ser provido pelo Estado sendo culpa deste, seus fracassos e incapacidade de evolução na sociedade.

É hora de exigirmos um pouco mais das escolas e do poder público. Exigirmos que professores sejam bem pagos e possam conviver apenas em uma escola. E que lugar de alunos indisciplinados é em projetos especiais ou na Fundação Casa, quando for o caso, jamais atrapalhando aqueles que desejam aprender, pois estes serão os cidadãos do futuro.

Luciano Esposto é poeta e escritor venceslauense.