Eduardo Nunes
INFÂNCIA
Estamos vivendo uma época de transformações profundas na sociedade e no ser humano. O núcleo familiar – a mulher, o homem e os filhos – vem ganhando novas configurações. A infância, em consequência, vem sofrendo sutis transformações.
As crianças em nosso mundo sofrem tanto quanto os adultos. É comum encontrarmos adultos que mais parecem crianças e crianças que precisam se fazer de adultos. Tristes são as crianças que engolem suas vontades e desejos frente às necessidades dos pais. Pais que, com suas novelas pessoais e egocêntricas, furtam a infância de seres tão frágeis e em desenvolvimento.
A infância, como a conhecemos, está em extinção. Pouco a pouco vão se acabando as brincadeiras de rua, os tampões de dedões arrancados, os joelhos e cotovelos ralados, as cantigas, as aventuras em busca de tesouros perdidos.
Pais que não querem ver e não gostam de crianças que choram, que precisam de cuidados médicos, que reviram os lençóis da cama montando cabanas, que enchem a casa de brinquedos, crianças que correm por todos os lados.
Em frente ao computador, TV ou vídeo-game, essas crianças economizam aos pais centenas de reais ao ano em vasos e luminárias não quebrados. Talvez mais significante seja a economia mental destes pais.
Criança dá trabalho. Criança tem que se machucar; criança tem que levar bronca, ficar de castigo; criança tem que ser vista. Um simples olhar no atribulado dia-a-dia dos pais dá a criança a certeza de ser alguém para alguém.
Eduardo Nunes, venceslauense, psicólogo.
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