quinta-feira, 1 de março de 2012

História de Pescador

Post do Luciano
HISTÓRIA DE PESCADOR


Era uma daquelas noites quentes de verão quando a lua consegue iluminar tudo à nossa volta. No barco, estava o velho pescador e seu amigo de incontáveis pescarias. Haviam ouvido alguém contar que, dias antes, naquele mesmo local, alguém conseguira pescar um peixe bem graúdo, um “pintado”, daqueles de conseguir fazer uma peixada inteira indo do pirão ao torresminho.


Foi só o tempo de acabar a cerveja que tomavam para voltarem a suas casas e arrumarem a ”traia” saindo naquela mesma tarde. O pintado é peixe de hábitos noturnos. Sua pescaria demanda tempo e paciência além de iscas das mais variadas. Varas resistentes, anzóis de encher a palma da mão e uma boa dose de sorte também são necessários. A madrugada já vigiava o barco quando o velho pescador resolveu acender um cigarro de palha a fim de espantar os pernilongos. De posse da sua lanterna de estimação, ia iluminando a margem e vasculhando tudo que desse alcance.


Foi neste momento que um chacoalhão quase levou sua vara. Instintivamente, puxou- a tentando fisgar o peixe que logo mostrou ser dos bons. Entre o movimento da vara e a tentativa de segurar o cigarro e a lanterna, esta levou a pior e caiu, ainda acesa, rio a dentro, para tristeza do dono. O peixe, por sua vez, ou não havia sido fisgado ou simplesmente conseguiu se livrar de modo que, em instantes, lá estava o velho pescador sentado em seu barco desolado sem peixe e sem sua lanterna preferida.


A vida é uma sucessão de perdas mesmo, pensava calado o pescador enquanto lançava nova tentativa na água. Mal a isca tocou a água e, novamente, iniciou-se aquela que seria a melhor pescaria de sua vida. Peixe grande, briga boa e cansativa. Solta o barco, enrola a linha e a ficção da carretilha avisa que ele não iria desistir sem lutar. Enrola e enrola linha e a camisa do velho pescador começa a molhar de suor comprovando o esforço da vitória. Finalmente o bicho mostra a cara e, com auxílio da fisga bem posicionada pelo amigo piloteiro, conseguem embarcar o monstro que seria motivo de infinitas glórias de boteco e rodas de amigos. Era digno de foto, que logo mais o faria tão logo conseguisse uma balança que suportasse seu peso.


Mas o melhor de tudo aconteceu quando foi tirar o anzol que o caçou. Logo que abriu a boca, imaginem, lá estava a tão apreciada lanterna que, de tão boa, ainda estava acesa. Este texto é uma homenagem ao meu grande amigo e pescador Duval Vilanova (in memorian). A história era contada por ele, mas a alegria de ouvi- lo sempre foi nossa.


LUCIANO ESPOSTO, é venceslauense, funcionário público estadual, advogado, escritor e poeta com livro publicado e participações em outros com prêmios de seletivas no Brasil e em Portugal.

3 comentários:

Toninho Moré disse...

Eita mentira brava!

VETERANOS INDEPENDENTE disse...

Me lembra a história contada por amigo que numa dessas pescarias sentiu a fisgada e quando puxou a linha na ponta do anzol estava "uma churrasqueira". Pra não ficar chato o tamanho da mentira completou: "e acesa"...!!!

Ass: Mivaldo Rodrigues

Albino Junior disse...

Eta "velhão companheiro" junto com meu Pai,foi meu parceiro, saudades, bons tempos!!! Porem, tinha uma sorrrrrte pra mentir, é cada história, uma vez...............

Albino Junior