sábado, 4 de maio de 2013

Post do Nelson Bugalho

 Artigo 
VEÍCULOS VERSUS PEDESTRES
"Morreu na contramão atrapalhando o trânsito", Chico Buarque de Hollanda

Creio que o único pedestre que goza de respeito é aquele estampado na garrafa de whisky Johnnie Walker, porque regra geral ele – o pedestre – está posicionado num nível de inferioridade psicológica e social inegável quando comparado àqueles que usam como meio de transporte o veículo.

O pedestre é vítima de uma perseguição implacável dos veículos, com o apoio claro daqueles que têm o dever de ordenar o trânsito nas cidades, geralmente o secretário municipal de trânsito. Mesmo naquele espaço que por natureza é território dos pedestres – a calçada -, lá estão também os onipresentes veículos. Sem nenhum pudor, ocupam total ou parcialmente o passeio público, geralmente para estacionar naquilo que outrora fora um jardim e, agora, converteu-se num estacionamento de loja, escritório, consultório ou até mesmo de um órgão público. Como são pequenos espaços, a calçada se torna uma extensão do estacionamento improvisado do imóvel.

Coitado do pedestre. Não tem vez! Nem mesmo na calçada - seu espaço de circulação por excelência - tem sossego para deslocar-se sem incômodos ou perigos. Sem contar que muitas vezes a “solução” que alguns administradores públicos encontram para possibilitar melhor fluidez dos veículos pelas ruas apertadas reside justamente em diminuir as dimensões das calçadas ou eliminar canteiros centrais de avenidas, que além de tudo torna feia a cidade.

Nessa peleja entre veículos e pedestres, estes estão perdendo, sem perspectiva de virar o jogo. O carro sempre leva a melhor, e com o aumento da frota e o transporte coletivo ineficiente e desconfortável, a tendência continuará sendo essa. Para ser bem claro: o despreparo e a falta de coragem daqueles que deveriam adotar uma postura de defesa do pedestre são também ingredientes que incrementam o caos no transporte urbano, priorizando a máquina e não a pessoa (que anda a pé), sobretudo nas cidades médias (100 a 300 mil habitantes) e grandes.

Afinal, ter carro no Brasil é sinônimo de status, enquanto andar a pé ou de ônibus não. Aliás, até mesmo o significado de pedestre não colabora para inverter esse quadro, pois além de designar quem anda ou está a pé, significa também simples, modesto. Enfim, ser pedestre é ser modesto, e andar de carro é ser chique.

Como dificilmente abriremos mão do carro, ao menos enquanto não disponibilizado transporte coletivo adequado, melhor redobrar a atenção ao atravessar a rua.

Um brinde a Johnnie Walker!

Nelson R. Bugalho – O autor é vice-presidente da Cetesb, promotor de Justiça do Meio Ambiente e Urbanismo (licenciado) e mestre em Direito Penal Supraindividual.

3 comentários:

Anônimo disse...

O pedestre deve observar seus deveres e nao so seus direutos...ontem parei para um pedestre passar a rua e mais parecia q estava a desfilar na faixa de pedestre e logo adiante duas pessoas se comprimentavam com bjinhos em cima da faixa... Isso sera correto?

Anônimo disse...

Temos que ter a consciência de que o pedestre esta sempre em desvantagem, e no caso de atropelamento, o mais prejudicado sempre será o pedestre, entretanto em 99% o motorista será responsabilizado pelo atropelamento. Vai uma opinião, quando estiver dirigindo tenha paciência pois esperar um pedestre "folgado" cumprimentar outro na faixa de pedestre sempre será melhor e menos dolorido para ambos. Valeu!!!!!!!

Anônimo disse...

É PREOCUPANTE O GRANDE NÚMERO DE MOTORISTAS QUE ESTÃO POR AÍ PELAS RUAS DE VENCESLAU E NÃO TEM NOÇÃO ALGUMA DO QUE SÃO REGRAS DE TRÂNSITO E BOA EDUCAÇÃO.UM PERIGO. FAZEM CACAS E FICAM BRAVOS E NERVOSOS AINDA.