Post do Luciano
Elefante, um orgulho de sempre
Lendo a postagem do amigo Fernando Freitas me vi ingressando no serviço público em meados de 1990. Era uma época diferente e os funcionários do Estado ainda gozavam de algum status simplesmente por serem seus representantes.
Sei que para alguns a leitura deste primeiro parágrafo beira a ofensa, mas quando digo que não temos o mesmo prestígio faço uma comparação com a pompa dos cargos de outrora, quando ser chefe de estação da FEPASA, gerente do Banco do Brasil ou Diretor de Ensino era o mesmo que alcançar um cargo eletivo de alto escalão.
Lembro-me de ouvir meu pai comentar dos convites que o pessoal da ferrovia recebia para inaugurações, palestras e visitas de pessoas importantes. Na época, representavam os “Funcionários Públicos do Estado”.
Não que a condição de funcionário público deixe de massagear o ego de muitos dos nossos mas, sendo bem franco, já fomos mais respeitados como braço do Estado.
Claro que existem os bons e os maus funcionários, cargos e cargos, salários e salários... motivos e motivos. Ainda assim, o serviço público poderia ser comparado com um grande elefante, gigante pelo tamanho e importância dos serviços prestados e lento pela sua complexidade e grande número de funcionários.
Mas nem tudo que acontece dentro do funcionalismo estadual são trevas. Existem iniciativas extremamente inteligentes, dignas dos melhores catedráticos do assunto. Um bom exemplo disso foi a forma desenvolvida pelo nosso Estado para otimizar os custos. Inicialmente, cada secretaria dispunha de um setor de almoxarifado que comprava de um tudo e em grandes quantidades o que, além de ineficiente, dava margem a toda espécie de desvios e corrupção.
Foi daí que nasceu uma atitude inteligente: dividiram as grandes regiões em micro regiões, fazendo coincidir a mesma área para todas as secretarias. Em seguida, obrigou que cada uma passasse a adquirir seus bens de consumo. O mais importante da iniciativa é que os cheques sempre deveriam ser assinados pelo chefe da repartição ou pessoa em grau de direção e um funcionário de baixo escalão, podendo ser até o encarregado de serviços gerais. A atitude fez o governo economizar milhões, dificultado a corrupção e proporcionando que as repartições passassem a ter todo tipo de material em abundância e qualidade.
E a eficiência dos setores de compra não ficou por aí. A segunda grande iniciativa foi criar uma bolsa de compras. Um sistema online em que todas as empresas, inclusive micro e pequenas, depois de cadastradas, ficavam aptas a participarem dos leilões eletrônicos. Com isso o Estado deixou de comprar pelo mesmo preço praticado ao consumidor eventual para adquirir tudo com descontos enormes. O elefante, que até então caminhava com dificuldade, hoje já dá breves “corridelas’, sonhando aprender a usar melhor suas orelhas.
Luciano Esposto é poeta e escritor venceslauense.
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