Post do Luciano
GERAÇÃO BANDEIRANTE
Na escola, aprendemos que os Bandeirantes foram os responsáveis por desbravar sertões e demarcar limites territoriais na medida em que seguiam rumo ao desconhecido. Alguns eram vocacionados para o serviço e seus nomes ficaram gravados na história deste País. Outros, porém, foram contratados ou viam na empreitada uma oportunidade promissora para a carreira. A estes foi dada a única opção de lidar com todo tipo de dificuldade com bravura inteligência e capacidade de adaptação.
Dadas as devidas proporções, a geração carinhosamente conhecida como a dos “anos 80”, viveu e vive até hoje a mesma sensação de luta contra as dificuldades.
Muito daquilo que parece trivial nos dias de hoje, precisou ser entendido e desbravado com a mesma desconfiança dos Bandeirantes. Vimos surgir o primeiro computador. E não me refiro a história do equipamento e si, mas sim do momento fatídico em que ele nos foi apresentado como uma necessidade. Lembro- me desse primeiro contato como algo muito inusitado. Precisávamos usá-lo e apenas um colega conhecia do assunto. Feito Bandeirante, resolvemos que o melhor seria anotar o passo a passo indo desde como liga-lo até a impressão, passando por explicações sobre a tecla “delete”, “seta invertida” e como incluir maiúsculas. Logo em seguida colamos o papel na frente da CPU sem obstruir a entrada do disquete (que mais parecia algo retirado da séria Jornada nas Estrelas).
Tudo funcionou muito bem e resumia-se na troca de dados no formulário que outros haviam criado até que alguém apertou a tecla “insert”. A sabotagem fez acabar com o formulário, gerar uma discussão chata para descobrir quem teria estragado o equipamento até que o então “entendido” chegasse ao local e apenas apertasse o botão “insert” novamente.
E assim fomos desvendando os primeiros PCs, os primeiros caixas bancários automatizados, e aparelhos como vídeo cassete e filmadoras, repletos de recursos que nunca usávamos. Por fim, com um pouco mais de idade percebemos que ser Bandeirante é ser ao mesmo tempo humilde para perguntar e alegre para se divertir com a dificuldade. Até hoje não sei como os verdadeiros Bandeirantes viam as dificuldades que o dia-a-dia lhes impunha, a única coisa que realmente acredito é que sou da geração que mais viu novidades e coisas que revolucionaram a vida das pessoas... certamente um privilegiado.
Luciano Esposto é poeta e escritor venceslauense.
Nenhum comentário:
Postar um comentário