quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Post do Luciano Esposto

Post do Luciano
FANTÁSTICO

Com a aproximação de mais uma sexta-feira percebo que existem coisas que não mudam com o tempo e o término dos finais de semana, certamente, é uma dessas coisas.

No passado, lembro-me da vinheta de abertura do Fantástico selar este destino. Como estudante, o início do programa fazia apertar o coração anunciando que logo ouviríamos a frase fatídica: “...hora de dormir – já prá cama!” (leiam nos três pontinhos perguntas como: “estudou para a prova”,” fez o trabalho de ciências”, etc).

O programa iniciava com belas mulheres dançando coreografias imponentes para a época (e olhe que nem faz tanto tempo assim..rsrs). Roupas curtas, por vezes coladas ao corpo, faziam a alegria da garotada. Anos mais tarde esta mesma abertura era apresentada agora com efeitos especiais que hoje mais parecem abertura de “programa trash”.

Logo aparecia um Cid Moreira mais jovem e com cabelos ainda agrisalhando. A Glória Maria, que já era magra, conservava o restante de sua juventude. Uma programação que garantia mais de 70% de audiência fazia do programa o comentário do dia seguinte.

Sentado do sofá, por diversas vezes vivemos momentos de puro martírio. Com olhos na tela e o pensamento nas provas ou em trabalhos a serem entregues na manhã seguinte e ainda não feitos, alguns programas foram sinônimos de pura aflição.

Mas nem sempre tudo eram trevas. Houve domingos em que o único senão era aceitar o fim do final de semana. Era uma sensação terrível de conviver. Como algo tão bom poderia acabar tão cedo? Porque será que tínhamos que estudar tanto? Biologia, Física e Química não faziam sentido para os que não almejassem serem cientistas... coisas da pouca idade.

E como o tempo não consegue dar cabo de algumas coisas, o Fantástico de ontem foi substituído pelos gatinhos, cachorrinhos e crianças que, postados no Facebook, sempre nos lembram que a segunda-feira se aproxima. Perdemos o glamour do Fantástico, mas ainda consigo sentir o mesmo frio na barriga.

Luciano Esposto é poeta e escritor venceslauense.

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