quarta-feira, 17 de julho de 2013

Texto de Nando Freitas

Opinião

“Geração Miojo”

Dizem que quando um sujeito começa a comparar gerações com certo saudosismo, é porque está ficando relativamente velho. Na verdade, eu nem sou tão velho assim, mas é que as coisas estão caminhando em uma velocidade tão alucinante, que fazem qualquer trintão se sentir um Flintstone no meio da família Jetson, principalmente quando se depara com as atuais crianças e adolescentes. Ah, só para explicar aos mais jovens, “Flintstones” e “Jetsons” eram desenhos animados que faziam sucesso na TV aberta da “jurássica” década de 80.

Há alguns dias, fui com meu sobrinho bater uma bolinha no campinho do bairro. Passados dez minutos, chegou um guri com uma pipa gigante, em formato de morcego, com uma aerodinâmica que fazia inveja a qualquer caça F-15 norte-americano. Pois bem: o moleque não precisou correr nem dez metros para a pipa começar a voar! E olha que a velocidade do vento nem era tão propícia assim. Reparei que esse guri não cortou bambu, não fez cola caseira com água e farinha de trigo, não comprou “papel de seda” e nem “linha 10”. Não confeccionou nem a rabiola da pipa, pois ela não precisava de rabiola. Quanta comodidade! Provavelmente ele foi a algum “lojão”, comprou a pipa prontinha e a colocou rapidamente no céu. Simples assim! Conclusão: brincou por no máximo 10 minutos e foi embora, pois foi tudo muito fácil. Não sei se isso é bom. Talvez seja, não sei, fico confuso. Sei que é diferente.

As crianças de hoje não fazem “telefones” com potes de iogurte amarrados em barbante, pois já ganham aparelhos celulares dos pais. Não jogam futebol de botão, pois o “Playstation 3” é muito mais real e emocionante; (caramba, e é mesmo!). Raramente empurram carrinhos com as próprias mãos, pois carrinhos com controle remoto ou fricção são encontrados a preço de bananas no camelódromo. Não, eles não confeccionam mais os próprios brinquedos. Compram prontinhos, brincam e enjoam deles ainda mais rapidamente. Não existe mais o ritual, a curiosidade, a experiência. Existe agora o consumo facilitado e o prazer saciado de forma imediata, efêmera.
  
Como disse em alguns parágrafos acima, não sei se isso é melhor ou pior, mas de certa forma, torna as comparações inevitáveis. Está tudo muito imediato, prontinho, instantâneo. Enfim, está tudo muito “Miojo” demais. Lembro-me com saudades do tempo em que se preparava a macarronada...

       * Fernando Freitas é funcionário público estadual e escreve às quartas-feiras

10 comentários:

Anônimo disse...

Isso mesmo, está assim, muito pronto. O que está acontecendo é que os jovens não estão querendo se "mexer " para nada. Querem que tudo seja bem "miojo". Como serão os profissionais do futuro e as próprias relações humanas. Não deixe seus filhos como passarinhos esperando de "bicos abertos". Eles precisam entender que além do conforto, temos que ensina-los a "pescar" e convence-los de que com o "peixe" sempre pronto a vida fica "sem sal e sem açucar".

Anônimo disse...

boa crônica

ano84 disse...

Puts Fernando, é a pura realidade estamos ficando velho msm, o tempo e a tecnologia estão avançando de formar desordenas, rsrs no nosso tempo com certeza era muito mas gostoso, mas a tal da tecnologia é muito bom também, imagina daqui a uns 5 anos não vamos ter mais os valores que tinhamos no passado, infelizmente...

Anônimo disse...

amei a crônica, essa juventude de hoje que se diz tão esperta, é na verdade muito acomodada.

Anônimo disse...

AMEI POIS TUDO ESTÁ CAMINHANDO MUITO RÁPIDO NO QUAL ATÉ O AMOR AO PRÓXIMO TAMBÉM SE ESTÁ ACABANDO O QUE SERÁ DA CRIANÇA DE HJ DAQUI A 10 ANOS. PARABÉNS NICÉIA SOARES

Anônimo disse...

Matéria perfeita, os pais precisam mobilizar os filhos a pescar e não dar os peixes. Nós, nossa infancia, tinhamos mais alegrias em fazer as pipas, era uma competição alegre, me lembro que fiz uma pipa de jornal e fiquei entre os premiados, atualmente é como disse o cronista desta matéria tudo "miojo", infelismente.
VOLTARELLI.

Anônimo disse...

MUITO BOM AMEI ESSA materia INFELISMENTE É A NOSSA REALIDADE, TENHO UMA FILHA DE 9 ANOS E OUTRO DIA ELA VEIO ME PERGUNTAR OQUE ERA UM CARRINHO DE ROLEMÃ......NA MINHA INFANCIA EU CAIA ME RALAVA LEVANTAVA E NAO IA AO MEDICO E ESTOU VIVA ATE HOJE , sou do tempo que colocar apelido não era bulim..................As crianças de hoje não sabem oque é construir seus brinquedos e valoriza-los pois nao tinha outro...........Tudo está tão facil que até intristece................

Anônimo disse...

miojo é comidade que mãe preguiçosa faz pra seu filho...........

Anônimo disse...

Parabéns pela crônica Fernando. Infelizmente é a mais pura da verdade. Elpidio Rozen.

Anônimo disse...

Fernando vc me fez voltar no tempo.....no quintal de casa tinha um pé de manga...e eu pegava aquelas mangas pequenininhas e as transformava em "bois" com palitos de fósforos em formas de pés e chifres...kkkkk....da minha imaginária fazenda....e eram os "brinquedos" q mais gostava....q tempo bom q a mulecada de hj nem sonha..e nem quer....