Maria Angela D`Incao fala sobre Educação em Presidente Venceslau

A falta da Educação

Maria Angela D´Incao

Como se sabe, compartilhamos do projeto da campanha da última eleição municipal para prefeito e vereadores. Manifestamos sempre a importância da alternância ao poder, daí, entre outros motivos, minha adesão à oposição.

Juntamente com outros cidadãos, contribuímos com ideias e oferecemos, inclusive, nossa residência para algumas das reuniões que se fizeram ao redor da escrita de um projeto de ações as quais eram, em nosso entender, importantes para o desenvolvimento de nossa cidade e, especialmente, da educação em nosso município. A partir desses encontros, com um projeto alinhavado, o candidato Duran e os representantes dos partidos que o apoiavam fizeram adaptações e ouviram outros setores da sociedade, o que é justo e democrático, por certo.

Colegas e leitores sabem da importância que sempre demos a educação e, sobretudo, o quanto a enfatizamos para levar adiante uma sociedade plural, inter-racial e ética na construção de uma democracia, na qual o que não pode nunca faltar são educadores bem formados, concursados e com prática no exercício da profissão.

Pois bem, um desses dias foi-nos relatado que uma criança – 1º ano - não queria mais ir à escola, pois a professora que ingressara no meio do ano, entre outras dificuldades criadas aos alunos, a trocou da carteira onde estava que era da primeira fila – carteira limpa e asseada- enviando-a para uma de trás, suja. Muito triste por não poder estar sentada na fila da frente como viera sendo por todo o semestre passado, não queria mais ir à escola. Além disso, sofria com a falta da antiga professora a quem se afeiçoara tanto, sentimentos comuns às crianças das primeiras classes. Aparentemente a nova professora, concursada recentemente pela descrição da pessoa relatora do fato, não tem prática na série para qual foi destinada.

Na ocasião sugeri aos familiares que mudassem a criança de sala. Aí vinha, claro, a dificuldade: a criança tinha amiguinhos na sala. É certo que todo professor (a) pode sim trocar alunos de local, mas não sem antes conhecer um pouco mais da classe já formada há um semestre.

Prática é coisa que se adquire, mas trocar professores em classe de 1º ano de alfabetização, no meio do ano, é algo deletério para o aprendizado. É somente uma opinião baseada em alguma vivência que tive também nessas séries.

Foi a partir do conhecimento desses fatos que tive a iniciativa de telefonar ao Secretário da educação atual. Relatei o fato e somente ouvi grosserias em alto tom. Entre elas, a pérola: - Você é a única pessoa que critica o nosso governo!

Será?

A ausência da capacidade de dialogar é inaceitável em qualquer secretaria seja qual for o governo, quem dirá em uma secretaria da educação. O diálogo é condição da arte de ensinar e de comandar, sem ele se presta um desserviço e nos aproxima das atitudes autoritárias da não tão distante Ditadura Militar. É isso o que queremos desta administração de Jorge Duran e Osvaldo Melo?

Nesse diálogo difícil, fiquei sabendo que substituíram a antiga prestadora de exames- a Vunesp - desde o tempo do então prefeito Ernane Erbella, por uma firma de Dracena, a qual desconheço. Motivo? Porque era mais barata! Consta, entre falas de professores da rede municipal, que mesmo sendo um pouco mais elevado o custo da Vunesp – de reconhecida capacidade - caberia a possibilidade de a prefeitura escolhê-la alegando competência da Vunesp e a dispensa de licitação por se tratar de uma Fundação. Isso não foi feito.

Então uma economia vale até quanto? É com esse critério que se escolhe algo tão importante que vem a ser a seleção de profissionais para cargos públicos?

Até mesmo material escolar está em falta. É o que dizem. Faltam recursos na Educação?

Não seria mais a grande secretaria que recebe mais fundos entre as demais? Ou seria somente ausência de planejamento?

Na ausência de numerários em qualquer empresa, no caso, a nossa prefeitura, a primeira coisa a se fazer seria buscar secretários e funcionários em cargos de confiança, que ganhassem menos. Hoje um secretário ganha mais de R$ 7.000,00 mês. São necessários tantos secretários e até mesmo o aumento de cargos de confiança? De acordo com informações, a atual administração encontrou a prefeitura em 2.012, com 1082 funcionários e até o momento o número de funcionários é de 1320. Ora, para uma gestão que já encontra as finanças insuficientes, não parece ser adequado aumentar o número de funcionários. Os leitores sabem que a folha de pagamento bruta da nossa Prefeitura é de 3.068.000,00/mês e a líquida, 2.330.000,00? Não é pouco, hein? Até o Governo Federal está tratando de diminuir salários e contratações diante da crise que finalmente chegou ao Brasil.

Soube há alguns dias, com relação à sala de aula com a professora despreparada para a função que houve uma reunião com a ex-professora, a atual e com os alunos. De acordo com o que nos foi relatado, a professora em exercício pediu paciência aos alunos, pois ela ainda não tem prática com a série. Imagine criancinhas de 6 a 7 anos, em uma reunião tendo que entender a extensão da temática a ser resolvida! É mesmo o fim dos fins!

Conta-se que quando o secretário não encontra uniformidade entre os docentes municipais, abandona a reunião. Enfim, cabe à sociedade reclamar e exigir uma postura adequada para a Educação em nosso município, onde tanta gloria educacional nas escolas públicas já se fez presente em passado não tão distante.

Será que o Secretário da educação pensa mesmo que está agradando a tantos assim? Uma grande dose de modéstia é condição para qualquer um que se estabeleça em qualquer cargo, que se dirá de uma secretaria de governo. A capacidade de conviver com o contraditório, outra. Condições não presentes atualmente na secretaria da educação de Presidente Venceslau.

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Canto do Olho