PAULO FRANCIS ESCREVE
"MINHAS AVENTURAS NA JOVEM SOM"
Reproduzimos na íntegra o texto do jornalista e escritor Paulo Francis publicado na edição de domingo do jornal Integração de Presidente Venceslau. Ele escreve de como conheceu a rádio e de sua passagem como funcionário da emissora.
"Desde pequeno o rádio já me encantava. Encantava pelo mistério de tentar compreender como uma caixinha poderia falar igual à gente. Ter voz! Nas dúvidas de criança, indagava a mim mesmo, por onde som “andava” até chegar à nossa casa? Nas minhas inocentes deduções cheguei à conclusão de que certamente tudo viria através dos fios, dos postes da rua. Estava até satisfeito, alegre com essa descoberta, até que meu avô comprou um radinho à pilha. E agora? Rsss... A minha paixão por aquela invenção estranha e inexplicável só fez aumentar ao longo do tempo. Tanto que passei a ouvir e imitar os grandes locutores. Lia tudo em voz alta pendendo para o lado humorístico da coisa. Tornei-me um imitador! Adorava falar à maneira de Gil Gomes, o repórter policial. Tudo era diversão! Fazia isso pelas escolas até que fui convidado por um outro aluno, que era discotecário da Rádio Jovem Som, a conhecer a emissora. Alguns devem se lembrar de Luís Antonio Alves dos Santos, o popular “Xexéu”, que hoje mora em Presidente Epitácio. Numa tarde em que eu estava visitando a Rádio Jovem Som FM, ele me apresentou ao gerente Antonio Carlos Moré, o Toninho Moré. Ali, fiz a leitura de uma pequena notícia de jornal e ele me autorizou a continuar os testes falando ao vivo, o informativo de hora em hora. Depois disso, fui contratado. Desde então, passei a acompanhar a rotina da emissora. Lembro-me até de alguns moradores que costumavam pedir e oferecer músicas para outras pessoas. Entre eles estavam o Joãozinho Nascimento, que sempre solicitava uma canção de Boney M “Rivers of Babylon” e o saudoso Miro Braga, que pedia “Me dê Motivos”, com Tim Maia. O interessante é que, algumas vezes, a pessoa indicava a música por telefone sem ao menos ter um rádio próximo para ouvir. Quando conhecíamos os ouvintes deixávamos o telefone “aberto” ou próximo a uma caixa de som na emissora para que, em casa ou onde ele estivesse, pudesse apreciar a canção. Tudo era bem legal! A lembrança destas coisas me veio à mente nesta semana, quando a emissora da Rádio Jovem Som FM completou 33 anos. Recordei-me de que em meados dos anos 80, tudo funcionava de maneira bem simples. Não havia ainda as facilidades do computador! Os discos eram de vinil e a publicidade da emissora era feita em fitas K-7. Os mesários tinham que divulgar as propagandas e já deixá-las no ponto de uso para a próxima inserção. A frequência inicial da rádio era 92,3 megahertz. Mas, como era a Jovem Som no seu primeiro endereço? Estrategicamente, a emissora foi instalada na parte mais alta da Av. João Pessoa. Ficava num sobradinho! No terreno do prédio, uma grande antena foi colocada. O que era curioso? Para se adentrar ao primeiro andar do sobradinho, era necessário subir a escada de madeira que, literalmente balançava. E muito! Aquilo dava um friozinho na barriga! A gente subia e entrava num salão de tamanho regular. A direita havia um banheiro. Na porta uma foto gigante de um sujeito sentado num vaso sanitário, “trabalhando” e lendo um jornal (!). A cena era lúdica! Assim que adentrávamos, víamos bem no centro daquele cômodo, o discotecário da emissora manipulando uma grande mesa de som, de frente para estúdio onde havia dois microfones sobre uma mesa. Lembro-me até de que eram importados. Vinham de um país que eu nem sabia que fabricava estas coisas. Da Áustria! Diferente, não?! Do lado esquerdo, dentro do salão, ficavam os discos de vinil, que tempos depois, aos poucos, foram substituídos pelo formato em CD. À esquerda, os transmissores e, depois, a gerência. Havia uma mesa coberta com um pano verde felpudo e um grosso vidro. Entre eles, fotografias pessoais e curiosas. Numa delas, Toninho Moré aparecia abraçado a um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos no Brasil: Mané Garrincha. Saudações à Rádio Jovem Som FM..."
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O texto está ótimo!
ResponderExcluirÉ muito bom escrevermos sobre o passado, é uma delicia lembrar de fatos que marcam nossas vidas.
Parabéns Paulo.
Parabéns Pai por mais uma crônica.
ResponderExcluirFiquei imaginando como eram organizados esses discos e fitas K-7 de maneira com que tudo funcione. Mas prefiro as facilidades que temos hoje em dia kkkkk.
Quando eu morava em Venceslau, adorava escutar a Jovem Som FM. Hoje sempre que possível escuto via internet. E acabo me lembrando de Venceslau. É muito bom.
Parabéns a Rádio e a todos que contribuiram nesses 33 anos.
Jéssica e Glauber Muneratto.
São Bernardo do Campo-SP