Crônica
Anodinia
“As coisas que temos de aprender antes de fazer, nós as aprendemos fazendo-as – por exemplo, os homens se tornam construtores construindo, e se tornam citaristas tocando citara; da mesma forma, tornamo-nos justos praticando atos justos, moderados agindo moderadamente; e, corajosos agindo corajosamente.” - Aristóteles
Na minha apressada rotina, percebo com frequência pessoas ante algum tipo de trauma e dor. E, muita vez, um sofrimento alheio e externo a minha família acaba alcançando a mim também. Não raramente, são situações ligadas às drogas ilícitas ou adidas ao álcool – a droga mais comercializada e usada publicamente. Flagro o crack, de surdina, ganhando almas. Famílias reclamam o que fazer... E o que fazer quando um filho mergulha nessas amarguras e não se permite voltar? Assim, sem respostas, fé e sorte, mães e pais insensibilizam-se. Esquecem o choro, perdem as lágrimas e desesperam-se em apatia – anodinia!
Entretanto, leio filhos recém-chegados ao mundo e já distantes de uma referência sadia e/ou de pais carinhosos. Uma mestra um dia disse para eu guardar até o fim: Não dá para criar filhos aos pedaços e exigi-los mais adiante por completo. Quando penso nessa afirmação, imagino em analogia, um carretel a ser desenrolado – o filho a ser criado. Ninguém desenrola um carretel pela metade... Ou um pouco pela metade e outro pouco pelo fim ou de qualquer jeito. De qualquer jeito o resultado será, obviamente, um nó!
Para que pais e mães não culminem com esse nó engasgado em seus gogós, que possam então, dignamente, dedicarem-se a puxar sua linha pela ponta, devagarzinho, com carinho, continuamente... E que sem dó, choro e velas, possam formar gente que sente, empreende e vive feliz!
Fernando Olmo é professor da rede pública estadual e conselheiro tutelar em Presidente Epitácio–SP (fernandoolmoprof@hotmail.com)
Gostei, muito inteligente.
ResponderExcluirNão posso deixar de registrar os meus cumprimentos pela matéria. Ao lermos, devemos nos colocar na condição de pais de usuários e já me colocando, sinto-me totalmente impotente. Me vejo num labirinto que sem ajuda não acharia a saída. Da mesma forma aos pais das crianças segure este carretel e que siga seu conselho. Por fim esta questão é muito grave e muita complexa; acredito que enquanto houver o traficante, infelizmente haverá o usuário. As autoridades tem que parar de nos considerar como um número, porque apenas se atem para estatísticas e definitivamente cortar o mal pela raiz.
ResponderExcluirHoje realmente, pais estão criando filhos o que não é tão díficil, pois existe uma grande diferença, entre criar e educar, passar valores, de honestidade, caridade, respeito acima de tudo, mas nossas crianças são vítimas de meio, ninguém nasce viciado em drogas, não nasce roubando ou matando... Onde estão os responsáveis. Será que o ECA, se faz valer nesse país ?
ResponderExcluirO que esta por vir? Pais não sabem a diferença entre criar filhos e educa-los para vida.. Criar não é dificil, o bolsa familia ajuda, as cestas básicas ajudam, mais e a formação do ser humano estamos assistindo crianças nascendo sem dignidade, pois já são acolhidas, ao sairem da maternidades, são reconduzidas aos Lares como medida de proteção...E os responsáveis? Será que O ECA, se faz valer nesse país?
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