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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Post do Luciano Esposto

Post do Luciano
FUGINDO DE TREM

Como de costume, chegamos e nos jogamos pela plataforma do velho barracão da Fepasa tentando descansar um pouco, aproveitando da sombra e do vento.
Aparecer por ali naquele horário era tão certo quanto as badaladas do sino da igreja marcando dezessete horas.

Nem bem o sangue esfriou e o tilintar dos trilhos já anunciavam a chegada do cargueiro que vinha de Presidente Epitácio com destino a sei lá onde. Serpenteou pela curva balançando de um lado para o outro como se fosse uma cobra gigante. Passou pelo elevado e logo estava cruzando nossa frente.

Desta vez todos os vagões eram tipo baú com duas portas grandes, uma de cada lado e, a julgar pelo rangido, estavam vazios. Dei uma olhada e vi uma das portas aberta. Nos olhamos em silêncio e a cumplicidade dos anos falou por si. Pulamos imediatamente vagão à dentro ficando escondidos numa das extremidades para não sermos vistos. Era chegado o dia da grande aventura e iriamos viajar de trem sem destino, tal qual nos filmes de faroeste da Sessão da Tarde.

O vagão sacudia, rangia e nós, em silêncio, fingíamos uma falsa segurança de saber o que estávamos fazendo. Escureceu, bateu aquela fome e a sede já fazia parte da turnê como se fosse o quarto elemento, tamanha presença marcante.
Quando tudo parecia complicado e quase perdido, Flavinho levanta a grande questão:
- Mas e quando chegar em casa? Acho que vou apanhar!
- Isso que dá trazer criança. Fica com medo de tudo e acaba estragando o sonho da gente - disse Marcelo.
- Vocês acham mesmo que nossas mães iriam deixar a gente viajar de trem sozinhos? - disse Flavinho em tom de repreensão.
- Era apenas um sonho, Flavinho. E em sonhos não existem mães que brigam com os heróis – lamentou enfurecidamente, Marcelo.
- Mas....
- CALA BOCAAA!!! – dissemos Eu e Marcelo.

Naquele dia decidimos que nunca mais iríamos imaginar grandes aventuras na presença de crianças, afinal, isso era assunto para adultos, coisa de quem já tinha 10 anos.


Luciano Esposto é poeta e escritor venceslauense.

5 comentários:

  1. Gostei muito da postagem do colega de trabalho Luciano. Trouxe-me reminiscências da infância,e de todo o ambiente que cercou tal fase de nossa vida. Saudade das viagens de trem, e das pessoas que embarcavam e desembarcavam, dos vagões transportando animais e até detentos.
    Boas lembranças!!
    Parabéns Luciano!!
    Douglas.

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  2. Acreditem ou não(e eu sei que é mais fácil não acreditar)eu e um grande amigo de infância/adolescência, hoje eu em Santos e ele em Cuiabá, fizemos isso de verdade, em 82 ou 83.
    Mas...assim que o trem começou a "andar", o medo de como voltar fez com que pulássemos do vagão antes da travessa Ten.Osvaldo Barbosa. Saímos ralando pelo chão de terra e fomos embora "rachando o bico" de dar risada.
    Itamar.

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  3. Luciano você sabe muito bem que esta aventura não foi vivida somente no papel, pois somos de uma época que brincar nos trilhos de trem era muito divertido, assim como o Douglas tive minha infância reportada nesta história, digo mais para complementar aos amigos da época, das nossas peladas no campinho do pastinho, dos jogos de bets, e das noites na calçada da velha estação ferroviária, bem tudo isto traz muita saudades, por isso te agradeço pelas lembranças e peço a DEUS que um dia de oportunidade de nossos filhos e muitos jovens que não conheceram a delicia que é andar de trem um abraço de seu amigo de infância LUIZ MAURICIO ( GALO ).

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  4. ESTE ANÔNIMO DAS 08:17 TÁ ME PARECENDO QUE É O LOBINHO BATISTA. kkkkkkkkk

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  5. Bingo Galo...hehehe.
    Forte Abraço.

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