quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Post do Fernando Freitas

Espaço do Nando
“Marcas das paixões”

Duas das nossas grandes paixões, o futebol e o carnaval fazem parte do nosso inconsciente coletivo, como se estivessem impregnados em nosso DNA miscigenado. Há até quem diga que “quem não gosta de samba, bom sujeito não é”. Exageros à parte, é exatamente por atraírem multidões, que o futebol e o carnaval no Brasil tornaram-se também grandes negócios.

Ainda que o público em nossos estádios seja pequeno, o futebol é assistido por muita gente na televisão, razão pela qual os clubes recebem cotas bem generosas das emissoras que transmitem os campeonatos, agitando também o mercado publicitário. Quanto ao carnaval, o mesmo gera empregos nos setores de hotelaria e turismo, bem como impulsiona, por exemplo, os setores de artesanato e costura nas confecções das fantasias das escolas de samba. E não há dúvidas que para manter essas duas paixões cada vez mais profissionais, é preciso grana, muita grana.

Mas até que ponto os patrocínios podem chegar, tanto no futebol, quanto no carnaval? Até que ponto o patrocínio ou o “apoio cultural” não se tornam imposições mascaradas, direcionando os jogadores que um técnico deve escalar, ou até mesmo o tema do samba-enredo de uma escola? Penso que quem patrocina tem o pleno direito de ter suas marcas estampadas em camisas de clubes, placas publicitárias nos estádios, bem como nas quadras das escolas de samba. Acho que o limite do bom senso pode ir só até aí.

No futebol, já houve casos do nome do clube ser alterado pela marca que o patrocinava: aconteceu com o Paulista, da cidade de Jundiaí, que abdicou temporariamente da nomenclatura original para chamar-se “Etti Jundiaí”. Ano passado, a “Copa Kia do Brasil” teve como campeão do torneio, o Palmeiras, que tinha a mesma marca estampada na camisa. Até acredito que o verdão ganhou o título de forma legítima em campo, mas foi criada uma situação no mínimo embaraçosa quanto à lisura da competição.

No carnaval, a discussão esse ano ganhou força: há quem diga que as marcas estão impondo aos carnavalescos das escolas o tema dos sambas-enredo e até mesmo a confecção de alguns carros alegóricos. A liberdade de expressão, a criatividade e a originalidade, pelo visto, estão ficando em segundo plano. Essas são evidências de que nossas grandes paixões estão cada vez mais suscetíveis às marcas e à publicidade, perdendo em parte, suas verdadeiras essências.

Para quem gosta de carnaval, a não ser que haja alguma “micareta” em sua cidade, só no ano que vem. Mas para quem gosta de futebol, hoje tem um jogo pelo “Paulistão Chevrolet”, bem como alguns outros jogos pela “Santander Libertadores”. Toda paixão traz consigo algumas “marcas”. E tanto no futebol quanto no carnaval, elas estão se tornando cada vez mais presentes e determinantes.

Fernando Freitas é funcionário público estadual e escreve às quartas feiras.

Um comentário:

Anônimo disse...

bridgestone libertadores, só para atualizar.