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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Post do Luciano Esposto

Post do Luciano
SOLIDÃO

A solidão talvez seja um dos maiores males deste século e a chegada das festas de final do ano só fazem aflora- la. Nem todos conhecem este mal. As sociedades a tem rotulado como o mal da velhice, e talvez o seja mesmo. Os filhos já se foram e o compromisso com o trabalho deixou de ser uma preocupação. Os dias correm lentamente e o menor dos problemas acaba sendo acolhido como o maior dos compromissos. Saudade, nostalgia, pensamentos distantes e muitas lembranças fazem da vida de um solitário uma verdadeira clausura.

Por sorte, não é a história da maioria que conto neste texto mas, mesmo sendo de uma minoria, não é menos triste saber que alguém pode deixar um ente querido sozinho numa época dessas. É certo que não os devemos deixar só em nenhum momento do ano e nisso me dobro a sabedoria dos orientais com seu extremo respeito pelos idosos.

Mas não existe somente esta forma de solidão. Imaginem o sofrimento daqueles que trabalham no dia de natal, ou na virada do ano novo. Ainda que estar empregado na atual conjuntura já valha de motivo para levantar as taças, ficar ausente no dia das confraternizações presenteia estas pessoas com a mesma solidão dos que convivem com a ausência o ano todo, só que numa dose cavalar.

São invadidos por momentos de pura letargia, divagando com seus pensamentos na família e nas coisas que poderiam estar falando e fazendo com os seus ao invés de participarem sozinho da amizade nefasta de um relógio num local de trabalho.

A queima de fogos age como estocadas profundas no coração, denunciando uma ausência que será lembrada como a de um falecido, porém, com certeza de reencontro no dia seguinte.

Posso estar jogando um grande balde de água fria sobre a alegria desses dias, mas minha sincera intenção é mostrar que, se por um lado muitos podem estar se divertindo, por outro existe uma legião de esquecidos que estão trabalhando para que tudo dê certo e as pessoas, mesmo sem perceber, possam alegrar-se despreocupadas com a falta de luz, de água ou se um criminoso não estará pronto para adentrar sua festa.

Assim, que tal na virada desse ano lembrarmos, mesmo em silêncio, daqueles que velam pela nossa tranquilidade, agradecendo a todos os que estão de serviço no exato momento em que estamos festando.

Quanto ao velhinho deixado de lado, dê uma ligadinha, um abraço apertado ou, simplesmente, reafirme que o ama.

Finalizando, deixo aqui minha mensagem fazendo coro com o amigo Nando e aproveitando a fala desse filósofo contemporâneo de nossa terra – Alemão – “Sejamos Felizes”.

Abraço a todos.

Luciano Esposto é poeta e escritor venceslauense.

Um comentário:

  1. Luciano, parabéns pelo texto. Realço, (por conhecimento de causa), o parágrafo que descreve a dor no peito na hora da queima de fogos. Não é fácil, mas são ossos do ofício. Abraços.

    * Fernando Freitas

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