quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Post do Luciano Esposto

Post do Luciano
LEITORES

Sou de uma geração em que os pais nem sempre incentivavam os filhos ao hábito da leitura. Um pouco por falta de recursos. Outro motivo era a dificuldade para se adquirir livros de qualidade no interior. Mas o maior problema, sem dúvida alguma, era a impossibilidade de ensinar o que nunca aprendera.

Na minha geração, a classe média era composta por filhos ou netos de imigrantes dos mais diversos países. Pessoas que vieram tentar a sorte ficando com a fatia menos privilegiada da pirâmide social, o que explicaria, a grosso modo, uma importância bem aquém da devida a literatura de qualidade.

O mundo mudou. A internet aproximou e fez surgir motivações e opiniões que não dependem tanto daquilo que se recebia como legado em algumas áreas. Hoje, o filho de um não leitor pode se tornar um devorador de livros por descobrir, sozinho, os prazeres da leitura de qualidade. Conheço casos em que os filhos ensinaram aos pais este sabor, criando um círculo virtuoso que nunca mais foi extinto. Entre as conversas de família passou a existir aquela propaganda individual sobre bons títulos e a troca deliciosa de informações sobre autores e seus estilos que também vem dando uma força ao mercado editorial.

Claro que nem tudo aconteceu deste jeito, e o exemplo só reflete o mais poéticos dos casos, afinal, o Estado vem investindo de forma maciça na aquisição e distribuição de livros com os mais diversos títulos. Cheguei a visitar a biblioteca do Alfredo Marcondes Cabral – e fica aqui um grande a braço a todos os amigos daquela escola que sempre nos recebem com tanto carinho - e fiquei assustado com a quantidade de livros a disposição, bem como o volume impressionante de alunos retirando livros para leitura pessoal. E não poderia deixar de citar o incentivo dado pelas escolas quando o assunto é leitura e criação de novos leitores.

Ainda assim, este crescimento substancial não retira o Brasil do patamar pífio que ocupa no ranking do consumo anual por pessoa. Ainda estamos atrás de países da América do Sul como a Argentina, por exemplo. De qualquer forma, prefiro ver avanços como melhoras e a visão positivista do assunto nos agrada, pois estamos criando um país com pessoas mais cultas, mais críticas e capazes de discernir.

Os livros precisam ser vistos como algo importante na vida das pessoas, principalmente das crianças e dos jovens. Temos que ter em mente que o livro é um produto necessário, pois alimenta o intelecto nos dando capacidades ao mesmo tempo em que nos habitua a ler tudo que estiver disponível.

Finalizo essa postagem com a opinião de Pedro Herz da Livraria Cultura, uma rede das mais respeitadas do país para a Valor Econômico: “... não é o preço do livro que inibe alguém de ler. A leitura é hábito feito em casa. Pais leitores fazem filhos leitores. De modo que o problema é cultural e não financeiro”.

Luciano Esposto é poeta e escritor venceslauense.

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