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segunda-feira, 4 de junho de 2012

O significado dos sonhos

Eduardo Nunes
O Significado dos Sonhos


Quando acordamos e lembramos nossos sonhos, ainda que cobertos com os mais variados sentimentos, encontramo-nos sempre em um estado de surpresa, como se no sonho fosse-nos revelado algo de uma vivência “supra-mundana”, transcendental.


Pesadelos ou não, os sonhos têm em geral esse sentido de comunicação, quiçá até de uma comunicação divina. Alguns são compreendidos como revelações, missões a serem empreendidas ou acontecimentos futuros. O fato é que sempre houve mistério em torno dos significados oníricos.


O que pensar sobre todo esse misticismo? Ceticismo ajuda? Talvez. Sonhos são construções mentais, feitos por nosso psiquismo para guardar nosso sono. Eles acontecem em sono profundo e auxiliam no relaxamento e descanso do corpo. Apenas isso? Não nos contentamos somente com essa explicação fisiológica. Sonhos são tão vívidos, tão cheios de sensações e sentimentos... Deve haver algo a mais por detrás deles! E certamente há.


Sonhos são narrativas de desejos que não podemos realizar enquanto estamos em vigília. Sabe aquele bolo de chocolate de aparência suculenta que você viu na vidraça da confeitaria e não pôde comprar por falta de dinheiro? É provável que venha a sonhar com ele. Acontece que nem sempre o significado dos sonhos é tão claro e direto como neste exemplo. Muito frequentemente os sonhos apresentam-se confusos, cheios de entraves, nebulosos e ambivalentes.


Deixamos de realizar muitos desejos durante toda nossa vida, mas podemos realizá-los em sonho. Se fizéssemos tudo o que desejássemos, mataríamos um chefe por dia, nossos pais a cada fim de semana e nossos filhos ao final de cada bimestre letivo. Nossa moral nos repudia somente por pensarmos nestes atos, ainda que saibamos que às vezes desejamos concretizá-los. Felizmente podemos sonhar!


Sonhar é liberar todos esses sentimentos e muitos outros mais de forma inofensiva para os outros e para nós mesmos. Por isso os sonhos têm conteúdo confuso: para que dêem vazão a sentimentos represados ao mesmo tempo em que preserva-nos da culpa de nosso desejo. Sonhar é entrar em contato com o que há de mais primitivo em nós mesmos. Felizmente podemos sonhar.


Eduardo Nunes, psicólogo, venceslauense.

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