segunda-feira, 14 de maio de 2012

Super-Heróis

Eduardo Nunes
SUPER-HERÓIS


Na última semana estreou nos cinemas, com bilheteria recorde, mais um filme de super-heróis. Esse tema de filme vem ganhando espaço nas telonas e no gosto do público. “Por que heróis fazem tanto sucesso?” Eis a questão que me pus ao pensar nestes filmes.


Cravar uma única resposta possível não é minha intenção, até porque há uma gama significativa de situações que fazem esses filmes ganharem a atenção que ganham. Em uma análise superficial, rapidamente notamos que eles apresentam a antiguíssima e popular luta entre bem e mal, um romance ao fundo e a descoberta dos heróis de que possuem superpoderes (sua história). Esses componentes são suficientes para tomar a atenção de qualquer pessoa.


Não pude deixar de pensar também que esses filmes conseguem essa proporção de público por apresentarem heróis que são “sobre-humanos”, que detêm super-poderes. Sabemos que o sonho de poderes sobrenaturais acompanha o ser humano talvez desde sua origem. A mitologia grega é um bom exemplo.


Em nosso tempo, vivemos uma vida tediosa, densa, por vezes sem significados mais profundos. Se possuíssemos superpoderes estaríamos certamente livres dessa monotonia que se impõe quase que intransponível em nosso cotidiano; viveríamos, ao contrário, em um mundo de sonhos e aventuras, enfim, de liberdade.


Porém, com superpoderes, viveríamos em um mundo de justiça feita pelas próprias mãos. Talvez seja esse o grande trunfo no modo de vermos nossos heróis atuais: eles se libertam da rotina, fogem do mundo e, simultaneamente, das suas regras. Quem de nós não desejaria fazer o mundo ao seu próprio molde?


Os heróis que nos fazem lotar as salas de cinema por aí a fora são reflexos de nosso desejo de mudar o mundo ao nosso gosto, de ordená-lo segundo nossa ótica. O problema é que o mundo já está aí e depois de mais ou menos duas horas a telona se apagará, fazendo com que voltemos para a mesma realidade densa que antes havia.


Como ainda não possuímos superpoderes para mudar o mundo, deveríamos de início nos concentrar no que se apresenta mais efetivo: usar nossos poderes para mudar os aspectos desagradáveis de nossas próprias vidas.


Eduardo Nunes, psicólogo, venceslauense.

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