Post do Luciano
CHINELO DE OURO
Um pai pega seu filho de jeito e dá- lhe uma boa surra de chinelo na mão, batendo em seu bumbum com vigor. Histórias como esta poderiam ser contadas por todos aqueles que, hoje, têm mais de 40 anos. Receber umas chineladas como pagamento pela desobediência ou uma surra de cinto eram tão normais há 35...40...50 anos como reincidir na mesma travessura realizada de outra forma.
A semana que passou deixou marcada na memória de todos a cena dantesca de um pai surrando ou, melhor dizendo, torturando sua filha sob o pretexto vil de ter danificado uma geladeira. Ora, nem de longe aquilo poderia ser chamado de “corretivo”...”pega moleque”...”acertar as contas” ou tantos outros termos que anunciavam o que aconteceria logo após a travessura.
Excessos à parte e não estou aqui para julgar ninguém, até porque seria leviano fazê-lo sem antes ouvir o pai e saber bem de perto todas as nuanças que envolvem o caso. O que fico pensando é até que ponto umas palmadas são salutares no desenvolvimento das crianças.
Os psicólogos que me perdoem, mas não acredito na abolição da prática como algo sensato a ponto de se editar uma lei a respeito. A meu ver, este sim, é o maior excesso, porque logo à frente veremos crianças crescendo convictas de que façam o que fizerem não poderão apanhar e não serão presas até os 18 anos. Não acredito no extremismo e sim em discernimento na aplicação do castigo. Os jovens são diferentes e cada caso é um caso.
Existem aqueles que nunca vão precisar de uma palmada sequer ou por serem muito tranquilos ou espertos demais. Outros, porém, precisam sim de rédea curta sob pena de crescerem sem limites.
Contudo, mesmo sob rédea curta, nunca a lição pode ser maior que o amor de quem a impinge ou saltaríamos do exemplo ao sadomasoquismo numa velocidade tão grande a ponto do respeito transformar- se em raiva e a correção em fuga de uma vida atribulada.
Por outro lado, os métodos utilizados por nossos pais não servem mais como modelo numa juventude acostumada a romper fronteiras cada dia mais cedo e com uma rapidez avassaladora.
O único consenso é que o limite sempre será necessário. O não, quando dito, deve ser sempre não e pronto. Se vamos permutá- lo por uns dias sem internet, sem o celular ou se vamos utilizar as velhas palmadas; isso depende de cada um, sobretudo, devemos analisar com cuidado a personalidade da criança que temos em casa lembrando sempre que mesmo sendo fortes e desmedidas as palavras proferidas por um pré-adolescente de 11 anos, ele nunca deixará de ter a fragilidade de seus 11 anos, ainda que não mais tão inocente como outrora.
Lembremos que assim como não esquecemos as surras do passado, seu filho também não esquecerá e, possivelmente, apreciará os castigos se bem aplicados lembrando no futuro que tudo aquilo foi para o seu bem e contribuindo para a pessoa que é, amando para sempre aquele que o educou com amor.
Luciano Esposto é poeta e escritor venceslauense.
Um comentário:
Parabéns pelo texto.Tenho 39anos e me lembro de toda essa época,hoje vejo filhos tratando os pais sem o mínimo respeito,respaldados pela segurança que não mais serão casticados,lembrando que como foi colocado por voce mesmo,estão seguros até os 18.Isso justifica o grande aumento de presídios.
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