Presídios

Post do Luciano
PRESÍDIOS


O assunto é polêmico; mas, até pelo respeito que guardo pelo amigo Raphael Balhestero e a forma democrática imposta à discussão, me obrigo a deixar registrado a minha opinião sobre o assunto. Vivemos numa das regiões mais pobres e esquecidas do estado. Há uma omissão latente do poder público estadual e, mesmo assim, não acho que penitenciária, seja lá quantas forem, trará qualquer progresso ou solução para nossa cidade.


O tema já foi motivo de discussão pública promovida pela SACEA recebendo, na ocasião, um juiz de Direito, um professor e tributarista regional e um filho da terra, hoje ocupando cargo de Desembargador - Dr. Spencer - motivo de orgulho aos Venceslauenses. Todos foram unânimes em mostrar que um presídio não traz e nunca trará prosperidade, o que motivou uma lei municipal proibindo a instalação de novas unidades na nossa cidade (fonte: Vereador João Paulo Rondó).


Não vou aqui discorrer tudo que fora dito naquela oportunidade, mas gostaria de lembrar uma parte do raciocínio do professor e tributarista Zelmo Denari quando disse que a melhor forma de quantificar a prosperidade econômica de uma cidade ou região seria traçando um comparativo na arrecadação de ICMS sobre serviços como telefonia, energia elétrica ou outros de uso quase obrigatório, por estarem intimamente ligados com este aumento de arrecadação.


Segundo sua pesquisa, feita por ele mesmo junto aos órgãos de arrecadação para aquela oportunidade, a instalação da PII não mudou a arrecadação na proporção dos salários injetados pela folha de pagamentos que provoca. Muito pelo contrário, o que se viu foi uma arrecadação quase que inalterada juntamente com uma constância no número de habitantes apesar dos “habitantes” do sistema serem computados como do município. Assim, pensar que todo aquele montante ficará na cidade é utopia.


Quando falo assim, acabo por instigar alguns céticos, e logo vem aquele que diz: “ Se não fossem os salários da penitenciária, Venceslau já seria uma aldeia”. Mas aí fica a pergunta: Teodoro Sampaio, Mirante, Sandovalina, Taciba e tantas outras cidades que não possuem essa renda teriam virado uma aldeia por falta dessa renda? Ou será que não ter uma penitenciária em nada mudou a vida dessas cidades?


Mas aí ouço alguns dizerem que isso resolveria o problema dos Venceslauenses que estão longe. Em primeiro lugar, a transferência desses funcionários jamais seria condicionada à vinda do presídio. O governo não faz esse tipo de acordo e a SAP – Secretaria da Administração Penitenciária - já possui regras próprias e transparentes para esse fim. Em segundo lugar, se a intenção é trazer de volta os filhos da terra que estão longe, porque ninguém se lembra dos Administradores, Advogados, Engenheiros e funcionários públicos estaduais e federais que estão fora daqui sem a mínima possibilidade de voltarem porque a cidade não prospera?


Deixemos a demagogia e opiniões sem fundamento de lado e vamos nos juntar para conseguirmos avançar por outros métodos. Vamos aplaudir esse novo hospital que, ao que tudo indica, se instalará por aqui. Apoiemos empresários como o Sr. Eliton do Grupo Mandaraí que conseguira acomodar a Caiado Fiat num prédio de sua propriedade impedindo que fosse embora. Vamos apoiar o grupo de munícipes que pretende trazer para cidade uma lavanderia industrial, o que poderá transformar nossa cidade num lugar próspero. 


Apoiemos iniciativas como a incubadora de empresas que na sua época deu oportunidades fazendo surgir algumas empresas novas. Vamos apoiar os(as) esportistas do judô, tênis de mesa, natação e basquete, pois suas vitórias têm mostrado uma Venceslau com potencial para polo em algumas modalidades o que incentivaria alguns setores. Lutemos por novos cursos e novas unidades escolares técnicas e de nível superior, para que as noites de semana possam ser sempre movimentadas como acontece próximo ao semáforo e ao batalhão com a movimentação desses alunos.


Não sou o dono da verdade e deixo aqui apenas minha modesta opinião à discussão, acreditando sempre que o caminho é outro bem diferente de aceitar que a beleza desta terra seja ofuscada por mais um presídio.


Luciano Esposto é poeta e escritor venceslauense.