Espaço do Nando
DA MODA DE VIOLA AO FUNKNEJO
A geografia do nosso país é marcada pela presença de uma costa litorânea imensa, mas também por um interior gigantesco, que agrega várias manifestações culturais marcantes, dentre as quais, destaca-se a música sertaneja. E essa modalidade musical, há muito deixou de ser o velho pagode com moda de viola e catira, modernizando-se e mostrando outras facetas ao longo dos anos. Logo, a antiga viola deu lugar às baterias e guitarras, trazendo uma nova roupagem à musica sertaneja, que aos poucos, foi perdendo as características principais de suas raízes culturais.
Muitos dizem que um marco musical que simbolizou essa transformação foi o sucesso “Fio de cabelo”, com Chitãozinho e Xororó, que fez com que o gênero finalmente tivesse acesso às rádios FM de todo o país. A esse movimento, foi dado o nome de Música Jovem Sertaneja, sendo que outras várias duplas surgiram e marcaram época, posteriormente: Cristian e Ralf, Leandro e Leonardo, Gian e Giovani, João Paulo e Daniel, entre outros. Se já nesse período a complexidade das letras da música sertaneja já não era lá essas coisas, há de se admitir que pelo menos tais melodias possuíam um ingrediente marcante: romantismo. E o romantismo de fato, é um traço característico no âmago dos povos latinos. Tanto, que quando adolescente, vivi alguns amores platônicos ouvindo as coqueluches musicais da época, e admito, com certo saudosismo.
Com o passar dos anos, surgiu uma nova transformação na música de origem rural: o sertanejo universitário. Para ser sincero, eu nunca entendi muito bem essa denominação, exatamente porque, quando frequentei o ambiente acadêmico, a galera simplesmente detestava música sertaneja. Mas consideremos que supostamente em um vasto número outras universidades espalhadas pelo interior do país, os alunos gostem do gênero, e de repente, talvez a justificativa por esta denominação. Porém, a música sertaneja, que havia perdido originalidade cultural já naquela primeira transformação, conseguiu ficar ainda mais deformada, com letras ainda menos elaboradas e um número enorme de duplas e cantores desafinados, que sinceramente, gritam mais do que cantam.
Todavia, o mercado fonográfico cada vez mais comercial fez com que o gênero musical sofresse mais uma mutação, dando origem ao funknejo. Pois é: uniram o “bom gosto” do funk com a balada sertaneja universitária e deu no que deu. Juntos e misturados, como diria o “grande” Latino, as letras da singela e romântica música sertaneja de outrora ganharam uma superdosagem de malícia e vulgaridade, perdendo totalmente o seu sentido. Hoje, o que se ouve por aí são “tchus e tchás”, “na cama eu te esculacho”, “tá tarada” e “afoga o ganso". Culturalmente falando, entendo que a música sertaneja parece ter encontrado o "fundo do poço". Mas amanhã ou depois, a indústria fonográfica com certeza mostrará que o buraco é ainda mais embaixo. Afinal, não há nada que esteja tão ruim que ainda não possa ser piorado...
Fernando Freitas é funcionário público estadual e escreve às quartas-feiras.
2 comentários:
Sei da sua indignação mas assim todos os ritmos que acontecem no Brasil eles vão se embora sem ninguém ter um pingo de saudade... fala-se que o brasileiro adora música mas na verdade o brasileiro gosta é moda e movimentos! O sertanejo das antigas não voltam mais!!!! Assim como o pagode dos anos 90, o rock nacional dos anos 80, o samba, a bossa- nova... é preciso entender que este país se baseia em modismo, não em música!
Eu gosto de sertanejo do tipo do zeze di camargo, lucas e luan, chistian e ralf, cleiton e camargo, pedro e thiago, leandro e leonardo, mas odeio o novo sertanejo, especialmente o funk nejo. Ate parece que o funk esta acima do sertanejo pois a maioria dos cantores atuais valorizam o funk em seus shows. Ate o gusttavo lima entrou nessa onda, com a musica gatinha assanhada que e uma regravacao de funk. O sertanejo esta pagando pau pro funk, ridicilo !!!
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