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sábado, 10 de março de 2012

As aventuras do Homem-Flor

Fernando Olmo
AS AVENTURAS DO HOMEM-FLOR


Um herói é um indivíduo comum que encontra a força para perseverar e resistir apesar dos obstáculos devastadores.
Christopher Reeve


[A pequena e pacata cidade de Extrema Vila do Oeste estava sendo atacada pelos mutantes de opiniões, os supervilões da felicidade, satisfação e simpatia: Ar Manda Mundana, Guri, o Irado e o temível Homem Estorvo. A população estava em pânico...]


- Oh céus, quem poderá me salvar? Eu não me entendo com minha mulher, sogra e filhos. A alegria acabou em casa, queimaram a catedral de minha fé e eu não tenho dinheiro pra pagar ninguém. – aos berros e ao léu lamentava um aflito morador.
Extrema Vila do Oeste estava depressiva... O povo só se aguentava em pé com Diasepan, Olcadil e Rivotril.
Num sitiozinho ali por perto, um homem alto e corpulento, cabelos negros penteados do lado e de bigodinho cafajeste [que o deixava parecido com o lendário Freddie Mercury], apanhava rosas no jardim cantarolando uma antiga canção dos Desafortunados Senhores da Brasília dos Homens do Sorriso Amarelo, batendo no ritmo rock ‘n roll sua sandália de couro número 48. Sua identidade constava, Willian Marcel [mas, tratava-se secretamente de Flowerman]:
- Nas favelas, no Senado... Sujeira pra todo lado... Ninguém respeita a Constituição... Mas todos acreditam no futuro da nação... Que país é esse? Que país é esse? Que país é esse?
O telefone celular toca, interrompe o gracejo e o herói atende.
- Hello! Hummm... Sei. Sei. Vou imediatamente, tá ok.
Após, Willian Marcel, corre tropeça e cai...
- Uiê... Ai... – dolorido, lamenta o atrapalhado salvador.
Levanta-se e ruma para trás do roseiral da propriedade. Gira... Gira... Gira... Roda... Roda... Vira e grita:
- Solta rosa e vem. Solta rosa e vem. – uns ruídos esquisitos acontecem...
[Pluft, Ploft, Plaft, Wommm...].
E, pronto para o embate, transforma-se... Com uma rosa vermelha tatuada no braço e outras empunhadas na mão, calção verde, corpo aberto no espaço, voa rapidamente para a Extrema Vila do Oeste.
Ao chegar à cidadezinha donde a desordem se instalava, uma atenta e fogosa quarentona o reconhece:
- Coração de eterno flerte... Adoro ver-te, menino do rio... Calor que provoca arrepio... Socorra-nos! Flowerman socorra-me primeiro da solidão, lindeza... – aos suspiros, a senhora na idade da loba, a perigo mais que os demais, o cobiça.
- Fla... Fle... Fli... Flor... Flowerman! Estou aqui! – voz que atingiu os habitantes como um gostoso sussurro. As mulheres foram à loucura. Os maridos gostaram também, mas enciumados, nessa altura já não sabiam se queriam socorro ou não.
- Contra os impostores do humor e da malcriação, eu sou a salvação. Não sou um pássaro, nem um avião... Sou o Homem-Flor em ação. Num mundo conturbado cheio de tristeza, crueldade e corrupção, eu com minhas rosas vermelhas na mão, aniquilo o mais sórdido vilão. Cadê vocês, profanos fanfarrões? – valentemente, o super-herói com uma rosa vermelha apontada pra frente na mão, desafiou-os.
Veloz como o som de um trovão chegava à sua frente o Homem Estorvo carregando no colo para ser mais rápido, Ar Manda Mundana e Guri, o Irado. Mundana adorou a viagem que a deixou, literalmente, nas nuvens... Porém, Guri estava virado no avesso de tanta ira. Não por viajar no colo do Estorvo, mas por ciúmes de Ar Manda Mundana.
- Estamos aqui Flowerman, seu marica. Agora juntos ninguém vai nos segurar... – provocou o líder dos vilões, com a excêntrica varinha na mão.
- Sou marica? Olha quem veio no colinho... Hummmm... – insultou o Homem-Flor ao Guri, o Irado.
Sem pestanejar, Flowerman fez em cima deles uma aleluia de pétalas de rosas. Como um flash, jorrou fragrância de flores do campo nos habitantes da cidade e abriu um caminho de orquídeas para os desencaminhados. Mandou beijinhos a todos e extravagantemente, cantou e dançou:
- Eu fico com a pureza da resposta das crianças. É a vida, é bonita. E é bonita... Viver! E não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz... Ah, meu Deus! Eu sei, eu sei que a vida devia ser bem melhor e será. Mas isso não impede que eu repita. É bonita, é bonita. E é bonita...
Deste modo, desencantou o feitiço dos deprimentes soldados do mal os quais foram cercados e amarrados pela insurgente população. Homem Estorvo, Ar Manda Mundana e Guri, o Irado não esperavam por essa... Pegos de surpresa, não tiveram tempo para esboçar reação nenhuma. Flowerman lhes apontou um talo de rosa do qual saiu uma faisquinha verde, transformando-os em minhocas.
Após a batalha, o Homem-Flor despediu-se com acenos à população e levou consigo as minhocas para que no jardim de sua morada, junto às outras, contribuam com a melhoria do solo do seu jardim.
Dias depois, as rosas e demais flores no quintal do nosso herói estavam graúdas e formosas.
- Essa não. Além de não conseguirmos vencê-lo, ainda estamos colaborando com suas armas de fazer bondade... – esbravejaram as egressas minhocas do lindo jardim do Homem-Flor.
Agora, todos já sabem... Contra os impostores do humor e malcriação, Flowerman é a salvação. Não é um pássaro, nem um avião... É o Homem Flor em ação. Num mundo conturbado cheio de tristeza, crueldade e corrupção, com suas rosas vermelhas na mão, aniquila o mais sórdido vilão.


Fernando Olmo é educador e pertence a AGAPE – Academia Geral das Artes de Presidente Epitácio.
Blog: http://olmo.zip.net
E-mail: fernandoolmoprof@hotmail.com

2 comentários:

  1. Adorei!pra quem sabe ler um pingo é letra>

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  2. O Flowerman é vc Olmo kkkk vc se descreveu, de certooo kkk

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