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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Preciso de um tempo

Espaço do Nando
PRECISO DE UM TEMPO

A conheci ainda quando eu era criança. Ela era do tipo “cheinha”, simpática e atraente. Brincávamos sempre no quintal, eu, ela e o meu irmão. Com o passar dos anos, fui percebendo que estava ficando cada vez mais apaixonado, e curiosamente, o número de rapazes que ela enfeitiçava, também foi aumentando. Passamos a brincar na rua: eu, vários meninos e ela.

Todos a queriam, pois era tão cobiçada quanto qualquer outra menina graciosa que habitava as redondezas. Linda, desfilava no asfalto, corria, pulava, com um charme hipnotizante, e a disputa adolescente por possuí-la, ficava cada vez mais truculenta. Quantas discussões, brigas que ela provocou, pois era bonitinha, mas ordinária, ficando com praticamente todo mundo. Mesmo assim, continuava sendo amada. O passar dos anos aconteceu de forma rápida, e nossos contatos diminuindo, devido aos estudos, ao trabalho e outros afazeres. Mas sempre que podia, ia ao seu encontro, com saudades imensas de tocá-la. Confesso que talvez eu não a tratasse com a sutileza que ela merecesse, mas aquela era minha forma de demonstrar minha paixão. Na verdade, eu até acho que ela gostava de umas pancadas, de vez em quando. Nosso amor, agora acontecia sem pudores, sobre a relva, tendo a luz do Sol como testemunha.

Aí começaram a aparecer outras paixões. Ela ficou um pouco esquecida, porém, quando nos encontrávamos, tudo acontecia de forma intensa, mágica, como se “tirássemos o atraso” nos fins de semana. As namoradas ficavam indignadas, ciumentas, pois não entendiam como um ser tão sem graça roubava a atenção e o tempo de tantos homens, que toleravam dividí-la, de tanta obsessão. Creio que as mulheres nunca compreenderão o quanto ela é sedutora!

Mesmo depois de casado, continuei a encontrá-la, ao menos quatro vezes no mês, sempre nos fins de tarde, a única hora possível para saciar minha fome de sua companhia. Mas, um dia, ao correr em sua direção, outro cara também o fazia, trombamos e eu caí no gramado, depositando todo o meu peso sobre joelho, que ficou inchado e com suspeita de lesão séria. Comecei a questionar se toda aquela paixão de outrora, hoje, ainda vale a pena. Sinceramente, não sei dizer. A única convicção que tenho, é que preciso rever essa minha fissura pela bola de futebol, muito provavelmente, acabando com essa história de forma definitiva. Também pode ser que estejamos “dando um tempo”, sei lá, como acontece em relacionamentos onde pairam dúvidas e desconfianças. A princípio, gorduchinha amada, preciso dar aquela desculpa típica em rompimentos inesperados: “O problema não é com você, mas sim, comigo...”

Fernando Freitas é Funcionário Público Estadual e escreve às quartas-feiras.

8 comentários:

  1. linda demais .... amei
    parabéns,Jesus te abençõe.
    um forte abraço: Cidinha.

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  2. é verdade, faz um ano que não a encontro (por motivos de saude), e sinto muito a falta dela. Parabens pelo texto. elpidio silva.

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  3. maravilhoso ....meu rapaz vc esta de parabéns, lindo msm...

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  4. Muito bem, muito bem, mais uma vez!!
    Quanta paixão.. rs!
    Adorei o texto!

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  5. é irmão , também estou pensando seriamente em parar com esses encontros , mais é muito difícil , ela é muito sedutora mesmo,mas acho que também já cheguei no meu limite ,espero ver o meu filho também se divetindo com ela, assim como nosso saudoso pai fazia com a gente ,observando os filhos correndo atrás da pelota pelos campos de futebol de nossa queria cidade,com certeza nossos jogos de fim de tarde , fim de semana e também escolares , nos trouxe mais alegria do que tristeza ,até que éramos razoáveis no trato com a bola de futebol , abraço.

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  6. A nossa relação era cheia de desencontros. Eu a amava e a odiava. A odiava por que ela preferia os outros a mim. Gostei muito do texto. Parabéns.

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  7. gostei.Enigmatico, sugestivo e desperta a vontade de ler até o final, só pra saber quem é a redondinha.

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