Saúde

Presidente Venceslau
SANTA CASA ESTÁ HÁ 2 MESES SEM SERVIÇO AMBULATORIAL
O Imparcial

A Santa Casa de Misericórdia de Presidente Venceslau está com os trabalhos ambulatoriais paralisados há dois meses. As atividades foram encerradas no dia 10 de dezembro. Permanecem apenas os atendimentos de urgência e emergência. De acordo com Antonio José Aldrighi dos Santos, provedor da entidade, os serviços foram cortados por falta de verba, pois o repasse do SUS (Sistema Único de Saúde) é "insuficiente" para manter as atividades. Em frente ao pronto-socorro da unidade há uma faixa informando que "os pagamentos dos médicos estão atrasados por falta de repasse do SUS". 

O SUS é formado pelo Estado, município e União. No caso da unidade, o pacto de saúde, assinado em 2006, determina que a gestão municipal assuma as ações do serviço. O dinheiro é repassado mensalmente do Fundo Nacional de Saúde para o Fundo Municipal. "Encaminhamos a verba mensalmente, de acordo com o que recebemos", comentou o prefeito Jorge Duran (PDT). 

O provedor informa que a tabela do SUS está defasada e tem rendido prejuízos ao hospital. "A tabela não tem aumento há 12 meses e as despesas aumentam todos os anos. Recebemos somente R$ 43 mil para isso e a média mensal de atendimento é de 8 mil pessoas", enfatiza. A entidade fechou o ano passado com prejuízo de R$ 1,7 milhão. "Por isso, paramos este serviço em dezembro. Não dá para continuar", complementa.

Além disso, Santos afirma que as santas casas do Brasil têm movido uma ação contra ao Ministério da Saúde, na ordem de R$ 17 bilhões, decorrentes da deficiência em caixa. As atividades de urgência e emergência são mantidas pela prefeitura do município e de outras três cidades vizinhas que são atendidas pela unidade. "Temos contrato com a prefeitura de manter o pronto-socorro e não temos obrigação de continuarmos com atendimento ambulatorial, até porque a cidade possui unidades de saúde e um posto central para arcar com o serviço. Não voltaremos com o trabalho ambulatorial", informa o provedor. Neste modelo, os pacientes passam por uma triagem e são atendidos dentro de uma classificação de risco. 

A unidade da Santa Casa "não prejudica ou superlota" o atendimento do serviço municipal. Segundo Susi Bonifácio, secretária municipal de Saúde de Presidente Venceslau, a cidade possui sete ESFs (Estratégias Saúde da Família) e uma UBS (Unidade Básica de Saúde) central, que tem suprido as necessidades. 

Devido à falta do serviço no hospital, o movimento nas unidades aumentou cerca de 20%e e foi necessário contratar mais um médico para a UBS para dar conta da demanda espontânea. "Não aprovamos o fato de alguém procurar o hospital e ter de voltar para casa sem o serviço, mas a medida teve um ponto positivo: fez com que as pessoas procurassem mais as unidades. Nosso trabalho segue normalmente com a demanda completa", relata Bonifácio. 

Atendimentos
O carpinteiro José Nunes, 62, recebeu atendimento porque quebrou o pé. "Por ser algo que precisa de socorro imediato, fui atendido", comenta. Já a recepcionista Maria Aparecida Boia, 51, levou o neto de três anos para uma consulta de emergência, pois ele apresentava febre alta e estava com infecção de garganta. "Passamos pela triagem e ele se enquadra nas classificações de risco", explica. 

Por sua vez, a comerciante Luciane Ferreira precisou recorrer ao convênio de saúde, que paga no modelo contribuição, para receber o atendimento. Uma porta caiu em seu pé e ela reclama de dores imensas. "Não iriam me atender pelo SUS. Minha sorte é que tenho convênio e tenho desconto no valor da consulta", destaca.

_____________________________________________________

Banco BMG