Opinião
POR QUE A REGIÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE NÃO CRESCE?
Presidente Prudente aproxima-se do ano do seu centenário. Uma pergunta intriga: por que a sua região não cresce? Desde o início do século, o Índice Paulista da Assembléia Legislativa do Estado a apresenta ao mundo como a cidade-sede da segunda região mais pobre do Estado. Já nos acostumamos a essa mediocridade e não combatemos os entraves que dificultam o seu crescimento. É a treva.
“Déjà vu”. Como em todos os inícios de mandato, vê-se em 2012 o que se viu em 2008: a Administração Municipal anunciando como certa a vinda de novas indústrias para o município. Que lástima ver o crescimento regional tratado com um discurso vazio e alguns terrenos para que indústrias aqui venham para ocupá-los. É um truque velho, repugnante, mas eficaz para postergar o enfrentamento das reais dificuldades a serem vencidas para que a região produza riquezas. Para agravar, estamos com uma população de 27.172 jovens com idade entre 18 e 19 anos na expectativa de um primeiro emprego.
Alteremos o título do artigo. Por que a região de Presidente Prudente nunca irá crescer? A resposta é: porque aqui ninguém se mexe. Justifiquemos.
Em 2009, técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) descobriram na região a quarta maior reserva de argila do Brasil. Se a população regional fosse politicamente representada, essa descoberta implicaria o enriquecimento tanto da região como do seu setor ceramista. Desencadearia recuperação, virada, reversão de tendência, alívio e desafogo. Seria a retomada da industrialização com grandes investimentos em pesquisas nas Universidades Sociais para a produção de materiais cerâmicos de alta tecnologia. No entanto, nada foi feito. No mês passado, a região de Panorama/SP anunciou o fechamento de 20 cerâmicas por falta de lucro ("O Imparcial", 02/05/2013). Segundo a Cooperativa das Indústrias Ceramistas do Oeste Paulista (Incoesp), o setor ceramista não está conseguindo arcar com os custos da matéria-prima para a queima da argila. Estima-se que esses gastos representam 20% de todas as despesas das fábricas. O setor ceramista regional agoniza por falta de atenção. Acordemos: com articulação e bom senso reverte-se esse quadro. Provemos.
Está em marcha mudanças profundas no perfil econômico da região. A pecuária de corte cede espaço para o plantio da cana de açúcar. Essa tendência é irreversível. O que a motiva é a baixa rentabilidade da produção do gado. A área de plantio de cana avança sobre as áreas de pastagens. A pecuária regional não resistirá à rentabilidade proporcionada pela cana de açúcar.
Acordemos: isso não se trata de uma má notícia. Essa tendência abre janelas de oportunidades para a região deslanchar. É o momento de sentar-se à mesa com representantes das grandes usinas que aqui chegam para produzir o etanol. Podemos elaborar um plano com os novos entrantes do setor sucroalcooleiro. Que tal se utilizar, na queima da argila do setor ceramista, o bagaço da cana produzida e cortada na região? Se houver discernimento, o setor sucroalcooleiro alavanca a cadeia produtiva do setor ceramista. Essa associação proporciona ganhos tanto na área social como na financeira.
Acordemos: é hora do cidadão comum, livre e de bons costumes, começar a assumir as rédeas do crescimento regional. Vamos construir um legado que nos orgulhe da condição de cidade centenária.
Antonio Assiz de Carvalho Filho
Opinião
A GRANDIOSIDADE DOS COMENTÁRIOS DO DR. ANTONIO ASSIZ DE CARVALHO FILHO
A respeito dos comentários do Dr. Antonio A. de Carvalho Filho, Milton Anézio Salzedas, diretor da Incoesp (Cooperativa das Indústrias Cerâmicas do Oeste Paulista), complementa:
Quando o IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas esteve na região realizando o estudo que descobriu a imensa jazida de argila, o governador Geraldo Alckmin, então secretário de Desenvolvimento do Estado, quando da entrega dos resultados da pesquisa, classificou a descoberta como o “Pré-Sal caipira do barro”. Com a abertura da Incoesp, e vislumbrando uma boa perspectiva no futuro próximo, novas indústrias cerâmicas foram instaladas e reabertas na região.
Na contramão dos fatos, ocorreu que também cresceu o rigor com as exigências ambientais para tornar realidade a atividade mineral na região, com a criação dos parques ambientais do Rio do Peixe e do Rio Aguapeí e suas discutíveis Z. A. (Zona de Amortecimento dos Parques). Lembramos que a exploração de argila em nossa região é considerada pelos técnicos como mineração de baixo impacto ambiental. Hoje um minerador tem que pensar muito antes de empreender um negócio de mineração em nossa região. Com o enchimento do reservatório causado pela construção da UHE Sérgio Motta em Porto Primavera, as melhores jazidas de argila foram encobertas pela água, sobrando somente argila dos terraços intermediários para serem exploradas, que são matéria-prima impura e mais pesadas para se trabalhar.
Somadas às exigências ambientais, a morosidade de tramitação dos processos nos órgãos ambientais faz o minerador perder interesse pela exploração da atividade. Tanto é fato que agências da Cetesb foram fechadas nas cidades de Andradina e Teodoro Sampaio, sobrecarregando o atendimento nas agências de Dracena e Presidente Prudente, o que configura um problema, pois uma região que pretende crescer não se fecha atendimento público e sim se amplia.
A respeito do problema enfrentado com a falta de biomassa para ser utilizada como combustível para queima de produtos cerâmicos, o bagaço de cana-de-açúcar, durante um tempo, ajudou muito o setor oleiro-cerâmico e reduziu o custo. Porém, as usinas têm se organizado para utilizar o bagaço de cana para gerar energia, e mais recentemente estão comercializando o produto com grandes empresas, que conseguem agregar maior valor aos seus produtos acabados do que as nossas indústrias cerâmicas, tornando-se hoje inviável para nossa utilização.
A situação do setor oleiro/cerâmico do Oeste Paulista tem piorado também com a guerra fiscal entre os Estados. Os entraves causados com a barreira fiscal do Estado de Mato Grosso do Sul e a abusiva “pauta fiscal” que o governo daquele Estado impôs aos produtos cerâmicos, inviabilizam um dos nossos maiores mercados consumidores.
Empresas cerâmicas fabricantes de telhas de Estados da região sul do país, localizadas a mais de 1 mil km de distância, conseguem colocar seus produtos em Presidente Prudente e região, com preço menor do que as nossas localizadas a menos de 150 km.
Além do problema fiscal, recentemente, a instalação de uma balança rodoviária próxima a Dracena, que realiza pesagem somente no sentido interior-capital, e que funciona 24 horas por dia, tem de certa forma onerado o valor de nossos produtos, inviabilizando históricos mercados consumidores de nossos produtos nas regiões de Marília, Bauru e Jaú, porque cerâmicas de outras regiões, inclusive do norte do Estado do Paraná, estão conseguindo colocar seus produtos com menor valor agregado, pois no trajeto que fazem não há este empecilho que temos que lidar. Não nos é oferecida nem mesmo uma alternativa de transporte, que diminuiria o custo do produto final colocado, pois embora tenhamos estrutura, tanto a ferrovia como a hidrovia simplesmente não funcionam, apesar das várias promessas.
Frente a todos estes problemas enfrentados pelo setor oleiro/cerâmico, será que nós da região de Presidente Prudente, e em especial da Nova Alta Paulista, vamos correr o risco de sermos novamente chamados de “Corredor da Fome”.
Opinião
PARABÉNS SR. ANTONIO
Em relação ao artigo do senhor Dr. Antonio Assiz de Carvalho Filho, concordo com tudo que foi dito, e acrescento dados como minerador atuante na região: fornecíamos argila nos anos 80. Com a inundação da Usina Sergio Motta deixamos de fornecer, pois foi inundada nossa matéria prima. Há quatro anos fomos procurados pela Incoesp para voltarmos a fornecer argila, com a descoberta do IPT. Na época da reunião e dos projetos que estavam sendo elaborados, saiu uma lei que durou nove meses, a qual exigia 6x1 de supressão, ou seja, o minerador que explorar dez hectares teria que plantar 60 hectares de árvores nativas em outro local.
Prontamente disse ser inviável financeiramente tal cumprimento, mas em reunião com o senhor Salzedas, que explanou a dificuldade do setor, assinamos esse termo. A lei foi modificada, mas o nosso cumprimento não. Fomos parceiros com a situação.
Contei essa história para complementar que muitas vezes entendo as pessoas não entrarem ou não investirem no setor, pois as exigências e suas constantes mudanças, bem como a demora nas liberações, desanimam empreendedores. Afinal, quem investe em uma incerteza?
Sei que outros setores também possuem seus problemas, mas a geração de empregos de Panorama praticamente depende da argila. Pelo que sei, 25 oleiros e ceramistas fecharam suas portas. Temos uma parceria com a Incoesp de aproximadamente quatro anos. Vejo e participo da luta diária deles, assim como eles participam da nossa em busca de melhorias no setor. Mas estamos sendo vencidos. Como foi dito pelo senhor Antonio, creio que perdemos oportunidades, aliás, ainda estamos perdendo.
Argila, acreditamos existir por muitos anos, mas, na cava, não gerará paz e prosperidade pra região. Estamos à disposição para discutirmos a situação do setor.
Alexandre Platzeck Leonardi
matéria bem interessante, aonde vê-se o apego sentimental por uma região, por uma cidade, por uma empresa.
ResponderExcluirhoje em dia os tempos são outros, mude-se, venda pela melhor oferta, modernize-se.
qual destes 27.172 jovens com idade entre 18 e 19 anos na expectativa de um primeiro emprego quererão trabalhar em uma cerâmica?
ficaram olhando a construção da barragem com consciência de que a matéria prima ficaria submersa, mas nada fizeram em busca de alternativas?
se a queima consome 20% do faturamento, deveria ser pensado um outro meio de combustível, pois muitas das cerâmicas modernas usam fornos a gás; as usinas não são obrigadas a vender o bagaço as cerâmicas pelo preço que elas podem pagar, mas sim podem vender a quem pagar o melhor preço.
reclamar da balança fiscal é incoerente, pois este posto fiscaliza a documentação da mercadoria e o peso do veículo, isto é mais do que legal, pois dizer que esta prejudicando os ceramistas é o mesmo que afirmar que o valor das notas não são coerentes com a mercadoria transportada, o que podemos deduzir como uma sonegação fiscal e excesso de peso do veículo.
cada estado é autônomo para elaborar suas leis fiscais, deste modo os outros que se sentirem prejudicados devem procurar alternativas de modo a não perderem os mercados conquistados.
quanto ao reflorestamento, isto é, um modo das empresas predadoras da fauna e flora, aplicarem parte dos seus lucros de certa forma obrigatoriamente em metas a serem cumpridas.
o que falta mesmo são pessoas com empreendedorismo estando consciente que poderão ter perdas financeiras até que aja uma estabilização; e não como hoje que nem abriu a porta do comércio já está pensando somente nos lucros sem admitir perdas.
muitos se enganam ou querem enganar que várias empresas fecharam suas portas, que não deixa de ser verdade, mas o que esta por trás muitas vezes são as mega empresas de fusões e aquisições, nas quais o seu concorrente anonimamente compra a sua empresa simplesmente para fecha-la; este é o mundo dos negócios atualmente, quem não se moderniza, quem não investe em logística e arrisca sem visão lucros em primeiro plano, certamente vai sucumbir.
no cenário atual as novas e pequenas empresas estão gerando mais negócios e lucros que as antigas que ainda estão abertas simplesmente por apego sentimental.
Quem não sabe, não deve opinar, tenha fundamento.
ResponderExcluirNada fizeram na inundação? Fizeram muito,mas as leis não permitiam ações , e os tramites demoraram tanto que inundou. A Cesp não retirou a mata q tinha que retirar,conforme edital da usina Sergio Motta, e caso vc fosse retirar era penalizado, e pergunta se a Cesp indenizou algum minerador ou ceramista pela inundação ?
A queima não consome 20%, e sim a matéria prima. A queima consome 40%, e sim, o setor busca alternativas incessantemente .
A balança é porque só nós passamos por ela, a concorrência não,essa é a questão , então está havendo desigualdade na concorrência, acho justa a balança, mas pra todos. Outro ponto, existem extrações ilegais de argila e ninguém faz nada, mas pra aprovar uma, o minerador é um herói . Em relação a fauna e flora., como o minerador citou no texto, uma lei de 6 x 1, que durou 9 meses, nem ouro recupera, com terra valendo 35000,00, pois precisamos lembrar que o minério não achamos em qualquer lugar, por isso das leis serem especificas nesse caso, não vá mudar seu negocio de olaria pro Saara , que não vai dar certo. Então seu texto não condiz com a realidade, simplesmente não é questão de lucro no primeiro plano, sao 30 anos que estão indo buraco abaixo. Pense e saiba o que vai falar, alias esse é o problema, muita fala e pouca ação. Obrigado
A cidade de Presidente Venceslau esta tendo a oportunidade de mudar, oportunidade esta que ainda nao teve, o seminário EMPRETEC, que na minha opinião, todos envolvidos no desenvolvimento social da cidade deveria fazer, partindo do prefeito, vereadores, comerciantes ou pessoas que tem algo do empreendedorismo adormecido ou ainda nao possui a confiança para investir e ousar em nossa cidade, sempre com muita cautela e resiliência.
ResponderExcluiro seminario empretec esta tentando fechar a primeira turma em presidente venceslau, pois precisa no minimo de 26 e maximo 32 (se nao me engano)eu pessoalmente fiz o seminário em DRACENA no ano passado e vejo agora o pessoal querendo deixar escapar por entre os dedos a oportunidade de realizar um seminario que considero um divisor de aguas em minha vida.
A falta de informaçao quanto ao valor que o curso tem para crescimento profissional e pessoal que o curso tem, as vezes é confundido por um simples curso, mas o seminario tem um formato que é ministrado nao só no BRASIL mas em todo o mundo, onde a apostila utilizada é a mesma.
vendo a polemica da argila postada aqui neste blog, creio que não só de argila vive uma comunidade mas de novas idéias e inovaçoes que deverao ser implementadas em nossa cidade e regiao.
O seminario empretec tem como objetivo fazer que empreendedores façam mudanças significativas no ambito pessoal e por consequencia empresarial, onde fluem novas ideias de como utilizar coisas que nos cercam a nosso favor, alavancando a economia e mudando o modo de pensar da comunidade onde se é aplicado esta mudança.
Acredito que quando se muda uma pessoa e muda uma empresa, automaticamente se muda o vizinho, o quarteirão e a cidade e depois o estado e o pais.
a Brasil é o pais que mais tem pequenos micros empresarios e empresas que sao destaques no cenario mundial, a exemplo o sr JORGE LEMMAN, que hoje é exemplo a ser seguido, pois acreditaram e mudaram o modo como avaliar as negociaçoes. sorte??? nao....visao futurista e empreendedora..
Acredito na cidade de Presidente Venceslau, acredito na mudança para melhor, acredito que na cidade temos pessoas de idéias maravilhosas e que querem implementar a maneira de fazer negócios e proporcionar uma vida mais digna e empregos para a populaçao de nossa cidade.
Sou o idealizador e corro para que ocorra este seminario em nossa cidade. estou empenhado via telefone e pessoalmente (como ja fiz em alguns comercios e pessoas)
para que aconteça este principio de mudança em nossa cidade.
Como ja disse e me propus a falar com todos que nao sabem o que é o seminario empretec e queiram saber como é e a importancia que ele tem na comunidade...fico a disposiçao para maiores informaçoes...
EDMARCIO CUSCHENIER DA SILVA
funcionário publico estadual, professor universitário, empresario
RG 34.296.388-0
FONE : 9760-8778