quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Post do Fernando Freitas

Espaço do Nando
O símbolo da barbárie

O primeiro contato visual que tive com a suástica, deu-se assim que aprendi a ler, apreciando as histórias em quadrinhos do “Capitão América”, combatente dos nazistas, que por sua vez, eram liderados pelo vilão conhecido como “Caveira Vermelha”. Em minha cabeça de criança que descobria a leitura, os “nazistas”, eram apenas o grupo inimigo do herói protagonista do gibi. Ou seja: eles eram nada mais do que vilões fictícios, assim como o Esqueleto era oponente do He-Man, o Coringa desafeto do Batman, e assim por diante. Antes fosse.

Com o passar dos anos e a com o aumento gradual da complexidade das minhas leituras, os livros de didáticos mostraram-me que o logotipo que eu via anteriormente nos gibis, era o símbolo do Partido Nazista alemão, responsável por um dos capítulos mais bárbaros da história da humanidade: o Holocausto. Aprendi nas salas de aula, que o nazismo, que um dia achei ser ficção, era, de fato, algo concreto e real. Porém, ainda assim era uma realidade distante pelo tempo e pelo espaço: nada mais que uma história ocorrida em meados do século passado, na longínqua e conflituosa Europa da Segunda Guerra Mundial.

Mas o hábito da leitura surpreende-me mais uma vez com relação ao assunto: volta e meia, revistas e jornais passaram a noticiar agressões praticadas por grupos neonazistas no Brasil. Agressões estas que ocorriam nos grandes centros, e tinham como alvo principal, negros, homossexuais, nordestinos, indígenas e indigentes. Algo difícil de acreditar em uma nação miscigenada e que tem como grande marca, a tolerância. A ideologia nazista, infelizmente, começava a fazer adeptos em nosso país.

Porém, a minha maior surpresa quanto a este tema, diz respeito ao crime ocorrido na última segunda-feira, na praça da matriz de nossa pequena cidade. Perplexo, vi no noticiário local que o “símbolo da barbárie”, denominado suástica, havia sido desenhado nas costas de um mendigo, que por sua vez foi queimado covardemente, provavelmente, por simpatizante (s) da maléfica ideologia nazista. O que antes eu via como ficção, posteriormente tornou-se realidade histórica distante; e agora, realidade próxima e atual. Diante de tal episódio, tenho saudades da inocência infantil de outrora e da falta de conhecimento sobre alguns assuntos tão repugnantes. Bons tempos em que, na minha doce ingenuidade, eu via a suástica apenas como um símbolo ostentado pelos inimigos do Capitão América...

Fernando Freitas é Funcionário Público Estadual e escreve às quartas-feiras.

5 comentários:

socialista disse...

quem não conhece a história corre o risco de cometer os erros do passado. Com a educação em estado de falência, as pessoa estão cometendo os mesmo erros do passado, vangloriando as barbárie cometido pelo nazismo. Se nossa educação propiciasse conhecimento e valores sociais adequados, essas coisas não aconteceriam.

Anônimo disse...

PRA VC VER FERNANDO, AS MAIS VARIADAS CRUELDADES SE TORNANDO CADA VEZ MAIS PRÓXIMAS A NÓS...O QUE FALTA PRA ESSAS PESSOAS?

Anônimo disse...

Esses idiotas que cometeram está barbárie nem sabem o que significa esta símbolo ridículo.Fizeram isso para chamar a atenção, como somos um povo mestiço e miscigenado tenho certeza que se eles estivessem na Europa durante o holocausto também seriam exterminados ou pensam ser arianos? Ass: Pacato Cidadão.

Anônimo disse...

O atleta do século é Jesse Owen, velocista negro norte americano que calou Hitler na Olimpíada de Berlim, salvo engano no ano de 1936, quando o Führer alemão pregava a supremacia ariana, teve que engolir um "negão" fazê-lo passar vergonha, levando-lhe o ouro e o seu orgulho. Ass: Pacato Cidadão.

Helen disse...

Bem, não é nem de longe nazismo, de fato, isto que ocorreu em Venceslau. Dizer o significado do símbolo e para que ele serviu em sua época pregada tudo bem, mas confundir as ideologias e achar que é a mesma finalidade e prática é muito equivocado. Primeiro que a prática nazista não existe mais, hoje vivemos no neonazismo, ou talvez nem mais nele. O símbolo, como na essência da palavra diz só carrega o sentimento de valor. A finalidade histórica neste quadro foi invertida. Não foi feito por quem não conhecia a história, pelo contrário, sabia muito bem a ideologia nazista. Limpar a sociedade e deixar apenas os arianos puros nada mais foi refletido, talvez, em desejar limpar as ruas venceslauenses dos mendigos.

Tem uma dissertação muito interessante na Unesp de Assis intitulada "Germanismo e Nazismo nas colônias alemãs em Presidente Venceslau" que demonstra que as práticas desta ideologia não eram no mesmo intuito ocorridas na Alemanha. Aqui havia apenas o sentimento de nacionalismo devido a saudade de sua terra natal, uma vez que os imigrantes vieram a força fugidos devido ao resultado da 1ª Guerra Mundial.